A Procuradoria Regional da República da 1ª Região (PRR1) denunciou nesta terça-feira (15) o empresário Joesley Batista, sócio do Grupo J&F, que controla a JBS, e o advogado Francisco de Assis e Silva, diretor jurídico da empresa, por corrupção ativa, lavagem de dinheiro, violação de sigilo funcional e embaraço à investigação no episódio de suposta “compra” de um procurador da República para vazar informações de interesse deles.
A acusação contra Joesley e Assis foi apresentada ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) porque também foi denunciado o procurador da República Ângelo Goulart Villela, que tem foro privilegiado. A peça, que está sob sigilo, acusa Villela, que chegou a ser preso no ano passado, de ter recebido propina da J&F para vazar informações internas da Operação Greenfield, que investigava empresas do Grupo J&F. Em sua delação premiada, Francisco de Assis relatou que o grupo pagava uma “ajuda de custo” de 50.000 reais ao procurador.
Blindados com imunidade total nas delações firmadas com a PGR durante a gestão do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, os executivos do Grupo J&F tiveram os acordos rescindidos pela Procuradoria sob a alegação de que omitiram informações. O ministro do STF Edson Fachin, que homologou as delações, ainda não decidiu sobre as rescisões.
Joesley e seu irmão, Wesley Batista, já respondem a uma ação penal na Justiça Federal de São Paulo, acusados de utilizar informações privilegiadas a respeito da divulgação da delação da JBS para lucrar no mercado de ações. Os irmãos Batista ficaram presos por seis meses na capital paulista.
Defesa de Joesley
Em nota, a defesa de Joesley Batista disse afirmar que recebe a notícia da denúncia com estranheza, apesar de não ter tido acesso à acusação.
“Se confirmado o oferecimento de acusação usando fato denunciado pelo colaborador contra o próprio colaborador, verifica-se grave desrespeito à lei e às cláusulas do acordo de colaboração, firmado entre a PGR e Joesley Batista, que preveem a não denúncia”, disse.
“Há menção expressa pela Procuradora-Geral da República de que, enquanto o STF não se manifestar sobre a rescisão do acordo, a denúncia não pode ser recebida contra o colaborador. Então é um contrassenso os procuradores da República oferecerem essa denúncia neste momento. Só há uma explicação: ou desconhecem que o acordo não está rescindido ou desconhecem a manifestação da PGR”, completa a nota.