O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi intimado a depor no dia 22 de março em inquérito da Polícia Federal (PF) embasado nas delações premiadas do ex-ministro Antonio Palocci e da empreiteira Odebrecht. Em delação, o homem-forte de governos petistas afirmou ter feito entregas de dinheiro vivo ao ex-presidente.O delegado Felipe Pace, da Lava Jato em Curitiba, ainda quer informações que corroborem o acordo da construtora e documentos do doleiro Álvaro José Novis sobre supostas entregas a codinomes inseridos na planilha Italiano - uma espécie de conta corrente de supostas propinas delatada pela Odebrecht em benefício do ex-presidente.A PF quer mais detalhes sobre repasses que constam na planilha da Odebrecht. Entre as senhas que os emissários teriam de utilizar para retirar os valores, que variam de 500 mil reais a 1,5 milhão de reais, estão "espaguete", "pasta", "massa", "pene" e bambino". Para tanto, os investigadores querem ouvir Novis, que era contratado pela empreiteira para efetuar as entregas de dinheiro."É imprescindível que as respostas sejam apresentadas com riqueza de detalhes a permitir, na medida do possível, a identificação do recebedor dos recursos, o efetivo endereço das entregas, o valor, as senhas e responsável (com dados qualificativos) pelas entregas dos valores", diz o delegado.Até 8 de março, a PF quer que Marcelo Odebrecht e Benedicto Júnior, ex-executivos da Odebrecht, entreguem detalhes de e-mails que envolvam os repasses.DelaçãoEm depoimento prestado ano passado, Palocci afirmou ter repassado "em oportunidades diversas" 30 mil reais, 40 mil reais, 50 mil reais e 80 mil reais em espécie para o próprio Lula". Palocci detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, no valor de 50 mil reais, "escondidos dentro de uma caixa de celular".A outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que se recorda de que a caminho do aeroporto "recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega".Segundo Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. Palocci também narrou à PF que Lula tinha uma conta corrente de propinas com a Odebrecht de 300 milhões de reais. O ex-ministro afirmou que Lula tinha um "pacto de sangue" com o patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht.DefesaO advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou que houve uma afronta à Súmula Vinculante 14 do Supremo Tribunal Federal, que assegura à defesa o direito de ter acesso a toda prova já documentada. "E no caso tivemos negado o direito de acesso ao acordo de leniência da Odebrecht. Tal acesso é fundamental para sabermos a cadeia de custódia dos discos dos sistemas de informática da Odebrecht e também para verificarmos se a Odebrecht pagou os valores que o MPF quer impor a Lula", afirmou.