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Lula a Moro: ‘Vou querer ser candidato outra vez’

O petista está tecnicamente empatado com o juiz da Lava Jato em simulações de 2º turno, segundo o Datafolha

Por Daniel Pereira 10 Maio 2017, 21h22

No depoimento ao juiz Sergio Moro, Lula disse que, antes da Lava-Jato, estava decidido a não disputar mais eleições, mas que mudou de ideia com o avanço das investigações. O ex-presidente é réu em cinco ações penais, acusado de crimes como corrupção (dezessete vezes), lavagem de dinheiro (211 vezes) e tráfico de influência (quatro vezes). Pela lei, não poderá disputar o páreo se for condenado em segunda instância. “Depois de tudo o que está acontecendo, estou dizendo em alto e bom som que vou querer ser candidato à Presidência da República outra vez”, declarou o petista. A afirmação foi feita depois de Moro perguntar se era verdade que Lula teria afirmado, ao final da condução coercitiva de que foi alvo, que conquistaria um novo mandato e se lembraria de cada agente envolvido naquela ação. “Não sei se disse que me lembraria de todos eles. Sinceramente. Também não sei se disse que seria eleito em 2018.”

Naquela altura do depoimento, Moro listava iniciativas do ex-presidente que poderiam soar como tentativas de intimidação de autoridades envolvidas nas investigações do petrolão. O juiz citou ações de indenização contra delegados e procuradores, além de uma ação criminal ajuizada contra ele próprio, que foi considerada improcedente. Mencionou ainda o discurso no qual Lula ameaçou prender, caso eleito presidente, aqueles que “mentiram” sobre ele, numa referência às denúncias de corrupção.

Questionado sobre essa ameaça, o petista disse que apenas usara uma força de expressão. Em seguida, provocou o juiz, com quem está empatado tecnicamente, segundo o Datafolha, nas simulações sobre o segundo turno da próxima sucessão presidencial: “No dia em que o senhor for candidato, vai ter muita força de expressão no palanque”.

Quando as possíveis tentativas de intimidação da força-tarefa da Lava-Jato ainda estavam sob discussão, o ex-presidente mandou um recado direto ao juiz, sem citá-lo nominalmente: “Tenho uma mágoa profunda do vazamento das minhas conversas com a minha mulher”. A divulgação de tais conversas, como se sabe, foi obra de Moro e acelerou o processo de impeachment de Dilma Rousseff. O juiz perguntou o que o petista queria dizer com aquilo. Que o tempo se encarregará de reescrever a história, respondeu o depoente.

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