Lula arbitra disputa entre Rodrigo Pacheco e Alexandre Silveira
Colegas de partido, senador e ministro travam uma queda de braço por prestígio e cargos públicos que exigiu a intervenção direta do presidente

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, são do mesmo partido, o PSD, e disputam eleições no mesmo estado, Minas Gerais. Apesar de serem considerados aliados, os dois têm se estranhado nos bastidores e disputado espaços de poder, travando uma queda de braço que passou a ser acompanhada de perto pelo presidente Lula.
Entre os motivos da desavença estão nomeações para cargos públicos. Pacheco reclamou para assessores de Lula que Silveira estaria apresentando indicações para agências como se fossem dele, Pacheco, quando na verdade seriam do próprio ministro. O senador disse que a situação era inadmissível e que atua de forma independente do colega de partido. Ele também se mostrou contrariado com o fato de Silveira supostamente se oferecer para resolver pendências políticas no Senado.
Meio-termo
As queixas surtiram efeito. Antes de uma solenidade no Palácio do Planalto, Lula tratou da questão com o ministro, perguntando especificamente sobre a confusão em torno das indicações. O presidente também agiu para chegar a uma espécie de meio-termo entre os dois. Ficou combinado que Pietro Mendes, secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível do Ministério de Minas e Energia, será indicado para o cargo de diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas não para chefiá-la, como queria Silveira.
O diretor-geral deve ser Artur Watt, consultor jurídico da Pré-Sal Petróleo, apadrinhado pelo senador Otto Alencar (PSD-BA) com a aprovação de Pacheco. O primeiro grande sinal de ruído entre o senador e o ministro ocorreu durante a pressão pela demissão de Jean Paul Prates do comando da Petrobras. Silveira e o chefe da Casa Civil, Rui Costa, trabalharam pela derrubada de Prates, que recorreu a Pacheco para tentar continuar no cargo. A disputa entre os dois, segundo um auxiliar de Lula, não deve acabar tão cedo, já que ambos são cotados como pré-candidatos ao governo de Minas.