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Lula foi informado da função que general indicado ao STM exerceu no governo Bolsonaro

Guido Amin Naves chefiou departamento responsável por relatórios que questionavam as urnas na época em que o então presidente tentava desacreditá-las

Por Ricardo Chapola
10 nov 2024, 17h06

O presidente Lula teve acesso ao histórico e ao currículo do general Guido Amin Naves antes de indicá-lo para o cargo de ministro do Superior Tribunal Militar (STM). No governo passado, Naves chefiou o Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército, órgão responsável pelos relatórios que questionaram a segurança das urnas eletrônicas. O oficial também esteve no epicentro dos acontecimentos que, segundo a Polícia Federal, culminaram na invasão e depredação das sedes do Palácio do Planalto, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal no dia 8 de janeiro de 2022.

As informações que chegaram à mesa do petista também foram escrutinadas por outras instâncias da Esplanada. Passaram pelas mãos do comando do Exército e pelo ministro da Justiça. Na terça-feira passada, o ministro da Defesa, José Múcio, levou Naves ao Palácio do Planalto para apresentar o general pessoalmente ao presidente.

Discrição e “ficha limpa”

Naves foi indicado para a vaga do STM que surgirá em dezembro com a aposentadoria do ministro Lúcio Mário de Barros Góes. Aos 62 anos, o general ocupava o cargo de comandante militar do Sudeste. Dono de um perfil discreto, é visto por seus colegas de farda como alguém que não se identifica com as causas bolsonaristas, apesar do posto que ocupou na gestão passada. “Ele é um profissional correto e tem a ficha limpíssima “, afirmou um graduado oficial do Exército.

Em novembro de 2022, logo após o segundo turno das eleições, os técnicos do Exército que avaliaram a segurança do sistema eletrônico de votação durante as eleições afirmaram não ter encontrado indícios de fraude. No entanto, também não descartaram a hipótese de ter ocorrido algum tipo de irregularidade durante o processo eleitoral. O relatório foi assinado por militares do Comando de Defesa Cibernética, setor subordinado ao departamento chefiado por Naves.

Bolsonaro utilizava essas suspeitas levantadas pelos subordinados de Naves para dar suporte aos discursos que fazia contra as urnas eletrônicas. A pessoas próximas, o general disse que, como chefe do DCT, informava o presidente da República e o Alto Comando das Forças apenas sobre os avanços obtidos por sua equipe em relação às melhorias que poderiam ser implementadas para aprimorar o processo eleitoral. Garantem que tudo era feito de forma técnica, sem qualquer conotação política. Lula, segundo assessores militares, não fez nenhum reparo à indicação do general.

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