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Lula não fala em eleição, mas faz discurso de candidato na Bahia

Ex-presidente ressaltou feitos de seu governo e atacou adversários em evento no Estádio da Fonte Nova, em Salvador

Por João Pedroso de Campos, de Salvador
Atualizado em 18 ago 2017, 08h13 - Publicado em 17 ago 2017, 23h27
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  • Em sua primeira manifestação na caravana em que vai percorrer 25 cidades do Nordeste nos próximos vinte dias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que “não está na hora” de falar em eleições e que quer “andar pelo país”.

    Apesar da não assumir sua postulação ao Palácio do Planalto – o contrário poderia lhe render problemas na Justiça Eleitoral –, Lula fez um discurso de candidato no Estádio da Fonte Nova, em Salvador, ressaltando os feitos de seu governo, sobretudo na área social, e criticando adversários.

    Ao comentar a liminar que lhe cassou o título de doutor honoris causa concedido pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Lula atacou não só o vereador soteropolitano Alexandre Aleluia, autor da ação judicial, mas o partido dele, o DEM, sigla do prefeito da capital baiana, ACM Neto.

    “Queria apenas falar a esse vereador que ele tem o direito de não gostar de mim porque ele é do DEM e quem é do DEM não precisa gostar de mim, porque eu não gosto deles”, afirmou o petista, que durante a campanha presidencial de 2010 declarou que o partido tinha que ser “extirpado” da política brasileira.

    Embora o juiz federal Evandro Reimão dos Reis, da 10ª Vara Federal Cível de Salvador, tenha anulado a cerimônia que concederia a honraria a Lula, ele afirmou que irá nesta sexta à cidade de Cruz das Almas, onde fica a UFRB, para “dar um beijo na testa do reitor, dos professores, e um abraço nos estudantes”.

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    Sobre o presidente Michel Temer (PMDB), Lula declarou que o governo do peemedebista é ilegítimo, “golpista” e deveria acabar por não “ter condições de sair da crise”.

    Lava Jato

    Citando o processo em que é réu por supostamente ter recebido 13 milhões de reais da Odebrecht por meio de um terreno e um apartamento, Lula também fez críticas indiretas àquele que considera seu inimigo na Justiça: o juiz federal Sergio Moro, responsável por esta ação penal e pela condenação do petista em outro processo da Lava Jato.

    “Eu e o Paulo Okamotto [presidente do instituto Lula] somos acusados de ter um terreno que não temos e comprado um terreno que não compramos”, ironizou.

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    O terreno de que o processo trata, segundo as investigações da Lava Jato e as delações premiadas da Odebrecht, foi comprado por um laranja da empreiteira e seria destinado à construção do Instituto Lula, o que não se concretizou. Em seu discurso, o petista disse que a ideia inicial era erguer um Museu da Democracia em um terreno da prefeitura de São Paulo, na região da Cracolândia, mas a cessão do terreno foi barrada pela Justiça.

    Neste momento, aproveitou para criticar o prefeito da capital paulista e possível presidenciável pelo PSDB, João Doria. “Nós íamos fazer [o museu] na região da cracolândia. Se o prefeito de São Paulo já invadiu a cracolândia, imagine se fizermos o Museu da Democracia na cracolândia o que vai acontecer”, afirmou.

    Ao aumentar o tom do discurso, e, assim, assemelhá-lo ao que se vê em palanques eleitorais, Lula afirmou que seus adversários “não vão apagar” seus feitos porque “já estão na cabeça de milhões e milhões de brasileiros” e que “esse país tem que se preparar porque em 2018 vamos ter que colocar uma pessoa democrática pra governar”.

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