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Lula nega ser dono do tríplex: ‘era praticamente inutilizável’

Nunca houve a intenção de adquirir o tríplex, disse Lula em depoimento ao juiz Sergio Moro

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 Maio 2017, 22h26 - Publicado em 10 Maio 2017, 21h46
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  • O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou nesta quarta-feira, em depoimento em Curitiba, ser proprietário do tríplex 164-A, no edifício Solaris, no Guarujá (SP), e afirmou que descartou o imóvel, oferecido pelo empreiteiro Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, porque a unidade “tinha 500 defeitos” e era “praticamente inutilizável’. O Ministério Público Federal no Paraná acusa o petista dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, relativos à reforma e propriedade do tríplex no litoral paulista.

    Embora Lula negue ser proprietário do imóvel, buscas feitas por investigadores da Operação Lava Jato encontraram, na casa do ex-presidente em São Bernardo do Campo, um termo de adesão em que o empreendimento era transferido da Bancoop, a extinta cooperativa dos bancários, para a OAS, empreiteira que assumiu as unidades. “Quem apreendeu não me mostrou o apartamento. Está assinado por quem? Se não está assinado, doutor…”, reclama Lula, insinuando que o documento não tem valor por não ter assinatura nem dele nem de sua esposa, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro. “Talvez quem acusa sabe como foi parar lá [no apartamento em são Bernardo]”, provocou Lula.

    No depoimento, ele afirmou que Marisa Letícia comprou uma cota-parte de um apartamento simples, e não de um tríplex, no Guarujá, mas não soube explicar porque o casal não teve de, a exemplo de todos os demais condôminos, escolher entre comprar o imóvel ou receber o dinheiro de volta quando o empreendimento foi transferido da Bancoop para a OAS. “Esse apartamento foi dado de garantia umas 50 vezes, parece, para pessoas que a OAS devia”, ironizou.

    Como VEJA revelou, foi o ex-presidente quem convenceu a OAS a assumir as obras deixadas para trás pela falida Bancoop. Um dos projetos assumidos pela empreiteira foi justamente o do Edifício Solaris, onde o ex-presidente teria uma unidade. A OAS não só evitou o prejuízo a Lula, tirando o projeto do prédio do papel, como reservou para ele um tríplex, na cobertura do edifício – e cuidou para que o apartamento ficasse ao gosto da família. A empreiteira investiu quase 800.000 reais apenas numa reforma, que deixou o imóvel com um elevador privativo e equipamentos de lazer de primeiríssima qualidade. Ao juiz Sergio Moro, Lula disse que não gostou do imóvel assim que o visitou e afirmou que ele era pequeno para sua família.

    “Quando eu fui ao apartamento percebi que aquele apartamento era praticamente inutilizável por mim pelo fato de eu ser, independente da minha vontade, uma figura pública. Eu só poderia ir naquela praia ou segunda-feira ou Quarta-feira de Cinzas”, afirmou. “Me dei conta que não era possível que eu tivesse apartamento na Praia das Astúrias, naquele local. Eu não teria como visitar a praia. Segundo, o apartamento era muito pequeno para uma família de cinco filhos, oito netos e agora uma bisneta. Fiquei consciente que não poderia. Certamente [Marisa Letícia] queria o apartamento para fazer investimento”, declarou ele no depoimento.

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    O ex-presidente disse ter visitado o tríplex no Guarujá apenas uma vez, mas confirmou que o filho dele, Fábio Luís, e a ex-primeira-dama visitaram a unidade em outra oportunidade. “Fui lá ver o apartamento. Coloquei 500 defeitos no apartamento, voltei e nunca mais conversei com o Leo [Pinheiro, ex-presidente da OAS]. Me parece que minha esposa esteve mais uma vez, que ela foi com meu filho Fábio, chegou lá e me parece que o apartamento estava totalmente desmontado. Certamente ela ia dizer que eu não queria mais o apartamento”, relatou o ex-presidente. “Não havia no início e não havia no fim [intenção de comprar tríplex]. Nunca houve a intenção de adquirir o tríplex”.

    O petista disse que, após a nova visita ao local, dona Marisa Letícia o acompanhou e disse que também não tinha gostado do apartamento. “E como eu tinha insistido para ela, ela não gostava de praia, mas eu gostava, e que era inadequado para mim, eu acho que ela tomou a decisão de não comprar”, disse. Lula ressaltou ainda que a ex-primeira-dama não fez relatos sobre as luxuosas reformas que seriam realizadas na unidade: “E, lamentavelmente, ela não está viva para perguntar”, disse. Dona Marisa Letícia morreu em fevereiro deste ano.

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