Malafaia incensa Michelle, ataca o Centrão e ganha projeção até como vice em 2026

Silas Malafaia gosta de se autodenominar o “pastor mais polêmico do Brasil”. Para não desapontar na função, ele acumula declarações controversas que transcendem a sua atuação religiosa – nos últimos tempos, ele atacou o Exército, a cúpula do Congresso, ministros do Supremo Tribunal Federal e mais um sem número de autoridades.

Ao mesmo tempo, Malafaia tem ganhado cada vez mais a confiança de Jair Bolsonaro, que conta com o pastor como o principal fiador dos atos pró-anistia e também como o porta-voz de muitas das declarações que ele prefere não expressar.

Na última segunda-feira, 12, Malafaia deu um novo gesto na direção do ex-presidente ao expor a irritação causada com a articulação de Michel Temer em prol de uma candidatura única da direita encabeçada por governadores de oposição. O pastor foi às redes sociais para mandar o recado de que, depois de Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle é a candidata mais bem avaliada nas pesquisas para a Presidência da República em 2026 (na verdade, há uma profusão de pesquisas, e a maioria a coloca empatada ou ligeiramente atrás do presidente Lula).

A publicação não foi um movimento isolado. Dias antes, o pastor foi à residência do casal Bolsonaro e fez um diagnóstico sobre a situação de cada presidenciável. Após citar problemas de cada um deles, deu um veredito aos dois: “Sobrou você, Michelle”. Sem saber como reagir diante da constatação, ela o convidou a fazer uma oração juntos. Quando questionada sobre seu futuro político, a ex-primeira-dama costuma dizer que entrega sua vida para o controle divino.

“Se eles falassem: tem o governador, mas tem a Michelle, eu não falava nada. Agora, vir com essa conversa que tem o governador ‘a’, o governador ‘b’ e governador que aparece com 5%? Não dá para ficar quieto. Todo mundo sabe da força que essa mulher tem. O Bolsonaro vai dar um xeque-mate de mestre: ‘Vocês não me querem? Então engulam a minha mulher’. Aí eu quero ver quem vai se candidatar pela direita”, disse Malafaia a VEJA.

O fiel aliado também segue firme nos ataques ao Centrão, grupo multipartidário que apoiou o ex-presidente, caminha ao lado de Lula e é conhecido por avalizar qualquer governo de turno. Um dos vários pontos de discordância deve-se à articulação do grupo para liberar jogos de azar e as apostas online, pautas que os evangélicos rechaçam.

As críticas se estendem até a quem manteve os pés fincados na oposição, como o presidente do Progressistas e ex-ministro de Bolsonaro, Ciro Nogueira. Já chamado de “lixo da política” pelo pastor, Nogueira vez ou outra é cotado como um possível nome para compor uma eventual chapa com Michelle. Tal possibilidade é totalmente refutada por Malafaia, que diz que a ex-primeira-dama poderia contar com um vice nordestino – menos, claro, Nogueira.

Na bolsa de apostas sobre quem poderia fechar a parceria numa eventual candidatura de Michelle, o nome de Silas Malafaia passou a ser citado no entorno mais próximo de Bolsonaro. A avaliação é que o ex-presidente tem uma conhecida desconfiança sobre quem o rodeia e que, por isso, a função seria entregue a uma figura próxima. “O Bolsonaro tem uma paranoia de ser traído. E um ente religioso não trai”, defende esse articulador. Além disso, o longo histórico de aliança de Malafaia com a família é mencionado.

No meio político, porém, o ingresso do pastor numa chapa encabeçada por algum herdeiro de Bolsonaro não é levado a sério. Membros do PL têm defendido que um eventual candidato da legenda amplie a aliança com um nome de Centro – provavelmente, alguns dos governadores cotados a concorrer ao Planalto em 2026, como o paulista Tarcísio Gomes de Freitas.

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