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Mandetta passou os últimos dias ‘na trincheira’, diz aliado 

Antes de ser demitido, titular da Saúde se dedicou a fazer planilhas para organizar as ações que têm sido desenvolvidas por integrantes da pasta

Por André Siqueira, Mariana Zylberkan Atualizado em 4 jun 2024, 14h58 - Publicado em 16 abr 2020, 18h33

Demitido pelo presidente Jair Bolsonaro do cargo de ministro da Saúde na tarde desta quinta-feira, 16, Luiz Henrique Mandetta passou os últimos dias como chefe da pasta “na trincheira”. A avaliação é do deputado federal Efraim Filho (PB), líder do DEM, partido de Mandetta, na Câmara dos Deputados.

“Mesmo com todos os sinais de demissão que foram dados, tanto de bastidores, como lá do Palácio do Planalto, Mandetta focou em seu trabalho. Na quarta-feira pela manhã, fez duas reuniões operacionais, continuou na trincheira, dentro do ministério. Cada minuto foi dedicado ao país. Conversei com ele, que reafirmou que ficaria focado em seu trabalho, porque o anúncio [da exoneração] no Diário Oficial era um mero detalhe”, disse Efraim Filho a VEJA.

Nos últimos dias, Mandetta se dedicou a fazer planilhas para organizar as ações que estão sendo feitas em cada área do ministério, e quem é responsável por cada uma delas. Na manhã desta quinta-feira, ele participou de uma live da Iniciativa FIS (Fórum Inovação Saúde), com especialistas da área da saúde, como André Medici, economista de saúde; Denise Santos, CEO do hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo; Henrique Salvador, presidente da Rede Mater Dei de Saúde; e Margareth Dalcolmo, pneumologista docente da Fiocruz. Durante a transmissão ao vivo, os mediadores do debate receberam diversas mensagens pedindo a permanência do ministro na pasta da Saúde.

Pouco antes de ser demitido por Bolsonaro, Mandetta foi chamado para uma reunião no Palácio do Planalto. Ao voltar para o prédio da Saúde, disse a interlocutores que o tom da conversa havia sido pacífico, sem sobressaltos, ao contrário do clima beligerante que pautou a relação entre eles nas últimas semanas. No encontro com o chefe do Executivo, frisou que não poderia entregar o que o presidente queria e desejou que tudo desse certo.

“Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar. Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no ministério e desejo êxito ao meu sucessor no cargo. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”, afirmou em sua conta oficial no Twitter.

Depois da conversa com Bolsonaro, Mandetta fez um pronunciamento no Ministério da Saúde. Antes de entrar no auditório Emílio Ribas, o ex-ministro penteou o cabelo – segundo um interlocutor, estava incomodado com os comentários de que andava descabelado. O ex-ministro adotou um tom diplomático no discurso e não criticou o presidente da República. Com a voz embargada, agradeceu aos integrantes de sua equipe. Por fim, disse a jornalistas e funcionários que estavam presentes que eles puderam conhecer “a verdade” nas coletivas naquele auditório, e afirmou que gostaria de deixar como legado a defesa da ciência.

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