A manifestação contra o presidente eleito Jair Bolsonaro, em São Paulo, terminou em conflito com a PM no centro da capital paulista, na noite desta terça-feira. O ato foi organizado pelo grupo “O Povo Sem Medo” e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e centrais sindicais nas redes sociais, se iniciou na Avenida Paulista com centenas de pessoas unidas no vão do MASP.
Quando os manifestantes começaram a se dispersar, já por volta das 22h30, um grupo atirou pedras e garrafas em direção à Polícia Militar, que respondeu com bombas de efeito moral e balas de borracha, informou o jornal o Estado de S. Paulo. Um manifestante foi detido.
O restante da manifestações aconteceu de forma pacífica. O candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, também líder do MTST, estava presente. Ao subir no trio elétrico, ele foi recebido com o grito de “Oh Bolsonaro, presta atenção, a sua casa vai virar ocupação” pelos manifestantes. Boulos então explicou que a frase proferida se tratava de uma brincadeira.
“A última vez que nós fizemos essa brincadeira, ele se utilizou disso para atacar e criminalizar os movimentos, porque é o que eles sabem fazer”, explicou Boulos ao público, antes de se declarar oposição ao novo governo, reconhecendo o resultado das urnas. “Nós reconhecemos o resultado das eleições, nós não somos o Aécio Neves”, disse Boulos, lembrando o candidato do PSDB derrotado nas eleições de 2014, para Dilma Rousseff, em pleito apertado.
“O Bolsonaro se elegeu presidente, não imperador ou dono do Brasil. E um presidente tem que respeitar as liberdades democráticas, a liberdade de manifestação, de expressão, e as oposições, e não dizer que elas vão para a cadeia ou para o exílio”, defendeu o candidato derrotado do PSOL, com 0,58% dos votos válidos no primeiro turno.
“Nós não vamos nem para a cadeia nem para o exílio. Nós viemos para a rua”, reafirmou Boulos. “Viemos em paz, porque a violência, a guerra, o ‘resolver tudo na bala’, não faz parte da nossa cultura, faz parte da deles”, disse o líder do MTST, que ainda criticou a perda de direitos e a reforma da previdência.