Marco Aurélio rejeita atuação de juízes federais em causas eleitorais
Ministro afirmou ser contra à proposta de Raquel Dodge de autorizar magistrados a analisar processos envolvendo caixa dois
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ser contra, nesta sexta-feira, 29, à proposta da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) autorize a atuação de juízes federais em casos envolvendo caixa dois de campanha. Segundo o ministro, a mudança só deve ocorrer se for feita por intermédio de lei, sob risco de impactar a “segurança jurídica”.
No início desta semana, Raquel Dodge informou que está requerendo ao TSE que juízes federais tenham “atribuição eleitoral plena”. A proposta da procuradora veio poucos dias após o Supremo decidir que crimes como caixa dois de campanha devam ser enviados à Justiça Eleitoral, o que, na avaliação do Ministério Público Federal, pode impactar casos investigados pela Lava Jato.
Nesta sexta-feira, Marco Aurélio Mello se mostrou contrário à ideia – ao menos da forma como sugeriu a procuradora-geral. “No passado eu me pronunciei assim no plenário do TSE, mas em termos de uma legislação, já que a Justiça Eleitoral é uma Justiça federal em si. Agora, não cabe essa providência administrativamente em cima de um caso concreto, que revelou a competência da Justiça Eleitoral. Seria uma diminuição da própria instituição que é a Justiça Eleitoral”, disse o ministro, após proferir palestra no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Mello disse que é preciso observar a segurança jurídica e ressaltou que “a modificação a esta altura não é harmônica com a segurança jurídica”. Apesar disso, o ministro disse entender a motivação de Raquel Dodge. “A intenção dela é a melhor possível, eu não tenho a menor dúvida.”