Oferta Relâmpago: 4 revistas pelo preço de uma!

Marcos Pontes engrossa lista dos que tentam declarar independência de Bolsonaro

Ao tentar a presidência do Senado sem a bênção do político, o astronauta embarcou na mais turbulenta missão de sua carreira

Por Bruno Caniato Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jan 2025, 14h27 - Publicado em 31 jan 2025, 06h00

Ao lançar-se candidato “independente” à presidência do Senado, Marcos Pontes (PL-SP) embarcou na mais turbulenta missão de sua carreira. O foguete do astronauta colidiu contra o seu principal fiador na política: o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o acomodou por quatro anos como ministro da Ciência e Tecnologia e apadrinhou a sua vitória nas urnas em 2022, quando foi o senador mais votado do país. O voo solo do discípulo foi visto como severa traição pelo capitão e rendeu uma bronca pública. “Eu elegi você em São Paulo, e esse é o meu pagamento?”, disparou. A iniciativa também desagradou à cúpula do PL, que, como o ex-presidente, fechou acordo com Davi Alcolumbre (União Brasil-­AP) em troca de cargo na Mesa e no comando de comissões. “Qualquer candidatura é legítima, mas não se chega à Lua sozinho”, ironiza Carlos Portinho, líder da sigla no Senado. A afronta irritou demais o ex-presidente por um motivo adicional: Pontes foi mais um na crescente lista de pessoas que desafiam sua liderança na direita.

A vitória em 2018 e o bom desempenho em 2022 deram a Bolsonaro a sensação de que seria incontestável em seu campo ideológico. Tudo começou a mudar na eleição para prefeito de São Paulo, quando a entrada de Pablo Marçal (PRTB) na disputa balançou o bolsonarismo. A despeito das declarações do ex-presidente de apoio a Ricardo Nunes (MDB), uma fatia considerável do seu eleitorado migrou para Marçal. O episódio incomodou Bolsonaro, que passou a ver com desconfiança outros nomes que ameaçam a sua pretensão eleitoral (veja o quadro).

A lista pode aumentar porque, a cada dia, Bolsonaro está mais distante de ter seu nome nas urnas em 2026. Inelegível, tenta reverter a situação, mas tanto os seus recursos na Justiça quanto a sonhada anistia no Congresso parecem difíceis. Além disso, pode ser denunciado ao STF por conta de sua participação em um plano de golpe de Estado. Sem a perspectiva de poder, ele abre cada vez mais flancos dentro do seu campo. “Bolsonaro ainda é reconhecido como o político que conquistou amplo terreno para a direita avançar, mas começa a se dar conta de que não é o único beneficiado por esse crescimento”, avalia o cientista político Claudio Couto, da FGV. Além dos nomes que incomodaram claramente o ex-presidente, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-­MG), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, Pablo Marçal e o cantor sertanejo Gusttavo Lima — estes três últimos candidatos ao Planalto —, há governadores alinhados ao bolsonarismo, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Jr. (Paraná), que podem estar esperando o melhor momento para declarar independência.

O problema tende a se agravar porque Bolsonaro não dá sinais de que jogará a toalha e indicará um sucessor. Quando o fizer, provavelmente será para apontar alguém da família, como o filho Eduardo ou a esposa, Michelle. “Bolsonaro só considera candidato quem é parente”, disparou Marçal. Mesmo com o patriarca enfraquecido, a família mantém ampla influência sobre o eleitorado conservador e, no caso de Michelle, bons números em pesquisas. “A cúpula do PL mantém o discurso oficial de apoio a Jair, mas não há garantia de que vão manter essa postura se a situação judicial dele se agravar”, avalia José Álvaro Moisés, professor de ciência política na USP.

Continua após a publicidade

Há um outro fator relevante no horizonte, vindo do outro lado do espectro ideológico. A queda de popularidade de Lula, em seu pior momento no terceiro mandato, deve ampliar a percepção de que ele pode ser derrotado. Quanto mais crescer a perspectiva de vitória da direita, maior será a fila de dispostos a arriscar um voo solo — com mais chances de sucesso que a última missão do astronauta Marcos Pontes.

Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
a partir de 9,90/mês*
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Nas bancas, 1 revista custa R$ 29,90.
Aqui, você leva 4 revistas pelo preço de uma!
a partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a R$ 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.