A candidata da Rede à Presidência, Marina Silva, usou as redes sociais para responder ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que, nesta quinta-feira, divulgou uma carta aos eleitores pedindo a união entre presidenciáveis em torno de um único candidato de centro que que reúna condições de derrotar os “radicais” – Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) – e conter a “marcha da insensatez” por “soluções extremadas”.
Pelo Twitter, a ex-senadora ironizou dizendo que “ninguém chama para tirar as medidas com a roupa pronta”, em insinuação de que a articulação do PSDB para conversas seria uma formalidade que teria como objetivo, ao final, trazer os demais para apoiarem seu candidato ao Planalto, Geraldo Alckmin. O comentário de Marina foi feito em resposta a uma mensagem de FHC na rede na qual o ex-presidente diz que, apesar de não ter citado o ex-governador na carta, “quem veste o figurino” descrito no documento é o candidato do PSDB ao Planalto.
No texto, Fernando Henrique Cardoso diz que o candidato em uma eventual união do centro deve ser o que “mais chances de êxito eleitoral tiver”. Na última pesquisa Datafolha, Alckmin apareceu com 9% e Marina com 7%. A VEJA, o secretário-geral do PSDB, deputado Marcus Pestana (MG), citou também Alvaro Dias (Podemos), Henrique Meirelles (MDB) e João Amoêdo (Novo) como possíveis integrantes da “mesa de negociação”. Na mesma pesquisa, Amoêdo e Dias registraram 3% e Meirelles com 2% das intenções de voto.
Pestana também argumentou que, em seu entendimento, não necessariamente esse candidato precisaria ser Alckmin para que o PSDB participe desse esforço. “Seria um gesto de arrogância do PSDB entrar na mesa de negociações com uma postura rígida e única. Não é assim que se conversa”, disse.
Outro sinal de resistência de Marina Silva a uma iniciativa do tipo aconteceu durante o debate promovido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e exibido pela TV Aparecida. Em suas considerações finais no encontro, a ex-senadora afirmou que “PT, PSDB, PMDB e DEM tiveram as suas chances. Agora é a hora de a sociedade deixar eles quatro anos no banco de reservas”.
Candidatos descartam iniciativa
Antes do documento de Fernando Henrique – acionado pelos tucanos por ser uma espécie de “facilitador”, um fiador que teria boas relações com todos os candidatos ditos de centro –, Alvaro, Meirelles e Amoêdo também já tinham descartado uma iniciativa do tipo durante participação no Fórum Amarelas ao Vivo, promovido por VEJA na quarta-feira.
O senador do Podemos afirmou que seria um “covardaço” se desistisse. “Eu não seria um candidato honrando as pessoas que acreditam em mim”, complementou. O ex-ministro da Fazenda e postulante do MDB classificou a iniciativa como “conchavo de bastidor” e argumentou que a sua candidatura, apesar de ainda estar com 2%, está crescendo e pode vencer “ainda no primeiro turno”.
Por fim, o empresário e fundador do Partido Novo afirmou ter “ideias diferentes” dos adversários. “Acho difícil fazer coligação com pessoas que estão usando dinheiro público, que não cortaram privilégios, que tão fazendo associação com pessoas que são contrárias ao que imaginamos para a iniciativa pública”, enumerou.