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Marina vetaria descriminalização do aborto, se aprovada pelo Congresso

No fórum Amarelas ao Vivo, candidata diz que votação seria 'decisão soberana' e que parlamentares não podem 'substituir' a população

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 set 2018, 19h37 - Publicado em 19 set 2018, 14h57

A candidata da Rede Sustentabilidade à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira 19, em entrevista ao fórum Amarelas ao Vivo, organizado por VEJA, que, se eleita, defenderia um plebiscito sobre a descriminalização do aborto e vetaria a medida caso ela fosse aprovada pelo Congresso.

“Se o Congresso decidir, eu vetaria. Se for um plebiscito, acho que é uma decisão soberana da sociedade”, afirmou a ex-ministra. “Se for para ampliar [a previsão do aborto em lei], que 513 deputados não substituam 200 milhões de brasileiros, nem 81 senadores, o presidente não convoca plebiscito nem muda leis do Congresso, agora, se por decisão soberana no plebiscito a sociedade decidir que é isso, estamos em uma democracia e um Estado laico…”, ponderou.

Evangélica da Assembleia de Deus, Marina voltou a se posicionar contra o aborto na entrevista. “Eu sou contra o aborto, não acho que é a melhor forma de você encarar o problema de não querer uma gravidez indesejada. Defendo planejamento familiar, que se orientem as pessoas para que elas não tenham uma gravidez indesejada”, disse a ex-senadora.

‘Eleição plebiscitária’

Com a provável polarização entre esquerda e direita no segundo turno da eleição presidencial, entre Fernando Haddad e Jair Bolsonaro, Marina Silva declarou que a disputa pelo Palácio do Planalto não pode ser convertida em um plebiscito, em que o eleitor escolheria não o político de sua preferência no primeiro turno, mas aquele que tem mais condições de chegar à parte decisiva da eleição e vencer o candidato indesejado.

“Uma eleição em dois turnos é para que a gente não se curve ao pensamento autoritário de querer decidir no primeiro turno. Uma eleição de dois turnos é para que cada pessoa vote no candidato da sua convicção. No Brasil querem fazer da eleição uma eleição plebiscitária”, disse  ex-ministra aos jornalistas Thaís Oyama, redatora-chefe de VEJA, e Augusto Nunes, colunista.

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A declaração de Marina se dá no dia seguinte ao Ibope mostrar que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) se isolaram na liderança da corrida ao Palácio do Planalto. O capitão do Exército tem 28% das intenções de voto e o petista, 19% – este cresceu 11 pontos porcentuais em uma semana. Marina Silva (Rede), que liderava as pesquisas no início da campanha eleitoral, tem 6%. Ela descarta, contudo, abrir mão de sua candidatura por uma coalizão de centro que evite a polarização.

Sobre a queda nos levantamentos de intenção de voto, Marina disse que os números só devem ser interpretados a partir do anúncio da candidatura de Haddad, em substituição à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Agora a disputa é pra valer, agora todos os candidatos estão postos. Agora as coisas estão em base real, começamos a campanha em cima do voto líquido”, afirmou.

A candidata da Rede declarou ainda, em referência ao candidato do PSL e ao petista, que a escolha não pode ficar entre “a violência e o saudosismo autoritário e a ideia com a conivência com a corrupção”.

Questionada a respeito de qual candidato, entre Bolsonaro e Haddad, seria mais “nocivo” ao país, Marina não citou o deputado nem o ex-prefeito, mas criticou a proposta do presidenciável do PSL de facilitar o porte de armas à população e citou o que entende por “autoritarismo de esquerda e direita”.

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“Essa proposta [sobre o armamento] foi desmoralizada em um ato: uma pessoa com uma arma branca e ele [Bolsonaro], rodeado por policiais federais armados, policiais militares armados, não foi protegido. Não vai ser assim que vamos resolver o problema do Brasil, fazer um governo para os fortes”, disse a presidenciável.

Indulto a Lula

Indagada sobre se concederia um indulto ao ex-presidente Lula, condenado em segunda instância na Operação Lava Jato e preso há mais de cinco meses, Marina respondeu que não e afirmou que o mecanismo “não pode ser instrumentalizado pra ganhar voto” e em “barganha política”.

Ela disse não concordar com a tese petista de que Lula é um preso político. “Não concordo que é preso político, ele está pagando pelos erros e crimes que os governos Lula e Dilma cometeram. Não acho que a Justiça deva ter dois pesos e duas medidas”, declarou.

Marina ressaltou ainda ser uma apoiadora da Operação Lava Jato, mas refirmou que é necessária uma “reforma do Judiciário” em relação ao “acesso à Justiça”. “O Judiciário precisa encarar seus problemas, porque o acesso à Justiça é dificultado”, disse Marina, que ressaltou que as mudanças no outro Poder não caberiam ao presidente da República.

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Governabilidade

Crítica dos “grandes partidos” e do chamado Centrão, grupo que envolve PP, PR, PRB, DEM e Solidaridade e aderiu à campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva foi questionada sobre como governaria sem apoio no Congresso. Ela disse que pretende inaugurar, se eleita, o “presidencialismo de proposição”, e acabar com a troca de apoio parlamentar por nomeações a cargos no governo.

“O toma lá dá cá, eu não conheço essa linguagem e ela tem que acabar, ela que levou o Brasil para a situação em que estamos”, pregou a candidata, que, no entanto, falou em “dialogar” com os parlamentares.

Na entrevista, Marina disse que, se eleita, pretende governar por quatro anos. “Não tenho sede de poder. O PSDB disse que o projeto era pra ficar vinte anos, o PT também queria ficar vinte anos. Eu estou dizendo que quero quatro anos”, comparou.

Segurança e educação

Sobre seus planos para a educação, Marina Silva prometeu implementar um plano nacional de educação, com a elaboração de planos de carreira a professores em conjunto com municípios. Ela prometeu também ampliar a oferta de vagas em creches de 30% para 50% da população.

Na área da segurança, a candidata da Rede falou em colocar em prática o Sistema Único de Segurança Pública, já aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente Michel Temer, e “trabalhar para que o crime organizado não seja comandado de dentro dos presídios e ter a compreensão de que combater a violência não é só caso de polícia, mas de Justiça”.

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