O ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência, ficou isolado na defesa do governo, nesta quinta-feira 10, em um debate que reuniu no mesmo palco em Gramado (RS) cinco presidenciáveis: Guilherme Boulos (PSOL), Manuela D’Ávila (PCdoB), Ciro Gomes (PDT) e Alvaro Dias (Podemos).
O emedebista, que viajou em jato fretado, chegou atrasado ao local do evento e foi acomodado ao lado de Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). Os dois se cumprimentaram, mas não se falaram até o fim do debate.
Na outra ponta, Manuela e Ciro mostraram afinidade e trocaram olhares cúmplices e comentários no intervalo das falas dos adversários. Quando a deputada do PCdoB pediu água durante sua fala, Ciro prontamente se levantou e levou seu copo até ela. Foi recompensado com um elogio. “É um cavalheiro. Por isso é meu amigo”.
Enquanto aguardava sua vez de falar ao microfone sobre os temas do debate, Meirelles ouviu calado os petardos. “As famílias Setúbal e Moreira Sales acabaram de botar no bolso 9 bilhões de dólares de dividendos sem pagar um centavo, enquanto a classe média morre com 27% [de imposto retido] na fonte”, disse Ciro, citando duas famílias que controlam bancos.
Na saída do evento, Meirelles estava atrás de Ciro, aguardando sua vez de falar com a imprensa, quando o pedetista citou seu nome. “A ideologia no Brasil tem passado do limite a ponto de impedir a racionalidade. Veja o Meirelles: é um bom amigo, mas parece que está em outro país. Para ele está tudo bem e tal”, disse.
“São coisas malucas que o filtro ideológico não permite ver. Esse 1% que o Brasil teve de crescimento nominal em 2017 foi puxado pelo agronegócio por dois fatores: estação climática perfeita e uma recuperação de preço no estrangeiro”, completou.
Meirelles, por sua vez, esforçou-se para defender Temer. “Acredito na educação. Estudei em escola pública. Concordamos que é preciso investimento em educação, mas o discurso vazio não resolve a realidade.”
Ex-tucano, Alvaro Dias também mirou o Planalto. “O governo arrecada demais, mas aplica mal”. Boulos disse que, se eleito, vai revogar a PEC do teto dos gastos e Manuela criticou o governo por reduzir os gastos para fazer ajuste fiscal.