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Memória: os políticos que despediram em 2021

Eles mostraram a força da democracia

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h34 - Publicado em 23 dez 2021, 06h00
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  • Bruno Covas
    Bruno Covas – (Jonne Roriz/.)

    Bruno Covas
    Político
    Raras imagens foram tão relevadoras a respeito do empenho de um político permanentemente devotado à democracia quanto a da cama de Bruno Covas instalada dentro da sede da prefeitura em São Paulo. Foi o modo pelo qual ele conseguiu aliar a luta pela vida — enfrentava desde 2019 um câncer — com a briga pela correção na lida com os problemas da metrópole. Moldado politicamente pelo avô, o ex-governador de São Paulo Mario Covas, ele fez valer em sua carreira um juramento feito aos 9 anos, como membro do Clube dos Tucaninhos de Santos, sua cidade natal: “Participar com minhas grandes ideias para um mundo melhor”. No combate à pandemia, se guiou pela ciência e pelo bom senso, no avesso do negacionismo do governo de Jair Bolsonaro. Morreu em 16 de maio, aos 41 anos.

    Euclides Scalco
    Euclides Scalco – (Bruno Stuckert/Folhapress/.)

    Euclides Scalco
    Político
    A democracia brasileira, ainda jovem e frágil, pressupõe a lida cotidiana de personalidades fortes, que a ajudem a permanecer viva. Foram decisivos, nesse caminho, os movimentos do gaúcho Euclides Scalco, um dos fundadores do MDB, em 1966, durante a ditadura militar, e do PSDB, em 1988. De voz baixa, sempre cuidadoso, ao estilo dos políticos bons de retórica e afeito a acordos, ele comandou a campanha de Fernando Henrique Cardoso à reeleição, em 1998, de quem seria o chefe da Casa Civil, no fim do primeiro mandato do tucano. Em 2001, como presidente da Itaipu Binacional, coube a ele administrar a crise do apagão elétrico. Scalco morreu em Curitiba, em 16 de março, aos 88 anos.

    Marco Maciel
    Marco Maciel – (Ricardo Stuckert/.)
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    Marco Maciel
    Político
    Ele parecia um personagem das telas de Modigliani, de perfil longilíneo, com 60 quilos distribuídos em 1,87 metro. Os traços elegantes escondiam um político vigoroso, afeito a costuras improváveis. Vice-presidente durante os oito anos de mandato de Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 2002, encarnava a voz calma e sensata a alinhavar os avessos ideológicos. Com Maciel não havia embate político que perdesse a civilidade. “Se me pedirem uma palavra para caracterizá-lo, diria: lealdade”, postou FHC nas redes sociais. Lealdade que ele demonstrara também ao governo do regime militar depois do golpe de 1964. Em março, contraiu Covid-19, mas deixou o hospital. Morreu em 12 de junho, aos 80 anos, de falência de múltiplos órgãos.

    Iris Rezende
    Iris Rezende – (Marcos Corrêa/PR)

    Iris Rezende
    Político
    O goiano Iris Rezende beirava a unanimidade entre seus pares. Basta ver as reações de campos políticos opostos diante de sua morte, ocorrida em 9 de novembro, aos 87 anos, em decorrência de um AVC sofrido três meses antes. “A paixão por Goiás, o sentimento de paternidade por Goiânia, os gestos, as ações e a história comprovam quanto Iris foi um homem público exemplar”, disse o governador Ronaldo Caiado. “Ele deixa um legado que supera as divisões políticas”, postou o ex-presidente Lula. Rezende foi prefeito de Goiânia por três mandatos, governador por dois, senador entre 1995 e 2003, ministro da Agricultura, na Presidência de José Sarney, e da Justiça, no mandato de Fernando Henrique Cardoso.

    Publicado em VEJA de 29 de dezembro de 2021, edição nº 2770

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