O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou nesta segunda-feira que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, “não tem preparo jurídico nem emocional” para dirigir o Ministério Público Federal. O ataque é mais um capítulo na guerra protagonizada entre Mendes e Janot, que vêm trocando farpas desde o início do ano. Mendes é um forte crítico dos rumos atuais da Operação Lava Jato.
“Quanto a Janot, eu o considero o procurador mais desqualificado que já passou pela história da procuradoria. Ele não tem condições. Na verdade, ele não tem preparo jurídico nem emocional para dirigir um órgão dessa importância”, afirmou o ministro do STF, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Além de críticar a força-tarefa da Lava Jato de Brasília, Mendes disparou contra a equipe de Curitiba, dizendo que os procuradores estão “reescrevendo a legislação” ao fecharem acordos de delação premiada. O ministro ainda afirmou “ter certeza” de que a corte mais alta do país vai “reavaliar” a colaboração da JBS, que culminou com a denúncia contra o presidente Michel Temer por corrupção — o prosseguimento do processo foi barrado pela Câmara dos Deputados na última semana.
O clima entre os dois azedou em março deste ano, quando Gilmar Mendes acusou a PGR de estar por trás de vazamentos ilegais de informações da Lava Jato. Sem citá-lo nominalmente, Janot o rebateu em discurso, dizendo que os procuradores procuram se distanciar “dos banquetes palacianos” — Gilmar é amigo de Temer e habitué de jantares nos palácios do Planalto e do Jaburu — e que “alguns” pretendiam “nivelar a todos à sua decrepitude moral e, para isso, acusam-nos de condutas que lhes são próprias”.