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‘Mexeram com um político que nunca roubou’, diz Lula à Lava Jato

Em crítica à força-tarefa da operação, petista afirma que não fez nada do que é acusado e que ‘tem uma honra para defender’; PT lança plataforma para 2018

Por Da Redação
21 set 2017, 14h09

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta quinta-feira, em São Paulo, durante o lançamento do projeto “O Brasil que o Povo Quer”, voltado à formulação do programa de governo do partido para as eleições de 2018. Na fala, de cerca de meia hora, o petista disse que “eles mexeram com quem não deveriam mexer”, em uma referência a investigadores e membros da força-tarefa da Operação Lava Jato.

Segundo o petista, a sua indignação “não é porque eu estou acima de qualquer coisa não, é porque eu não fiz nada do que eles dizem que eu fiz”. Lula concluiu afirmando que “estão mexendo com um político que nunca roubou e que agora tem uma honra para defender.”

“Esse Powerpoint é uma desfaçatez mentirosa que alguém poderia fazer contra o maior partido que a esquerda já produziu na América Latina”, em referência a uma apresentação feita no passado pelo procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba, no qual acusava o petista de liderar o esquema de corrupção na Petrobras. “Conseguem jogar lama nas pessoas, mas depois não pedem desculpa. Desculpa é uma palavra grande. Só pede desculpa quem tem grandeza e eles não têm grandeza”, atacou.

Como analogia às investigações contra si, repetiu o discurso feito em Curitiba na semana passada, quando comparou as acusações sofridas às mentiras do falecido ditador iraquiano Saddam Hussein, quando este falsamente declarou ter potencial para produzir armas químicas. “Por que o Saddam Hussein terminou daquele jeito? Porque mentiu a vida inteira de que tinha arma química para destruir os Estados Unidos. Ele podia ter falado ‘ô Bush, era mentira, vamos ficar numa boa’”, ironizou.

Plataforma

Após o evento, organizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA), braço de formação teórica do PT, o partido passa a disponibilizar uma plataforma digital para que apoiadores e militantes contribuam com ideias e opiniões para basear as propostas que o partido apresentará no próximo ano na disputa eleitoral. Com Lula na exposição, estavam o presidente da FPA, o economista Márcio Pochmann, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e Tereza Campello, ex-ministra do Desenvolvimento Social no governo Dilma.

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Dando o tom das ideias que serão defendidas em campanha, o ex-presidente argumentou que o partido deve retomar o que foi feito em seu governo e apostar na expansão do consumo das famílias e em investimentos públicos para gerar empregos. “Quem fala que o consumo não é importante é porque não sabe a diferença que 50 reais fazem na vida de uma família”, afirmou, pouco depois de outra referência a uma questão histórica mundial: “Imagina se fosse para fazer a Revolução Russa e o povo não consumisse o que não consumia no tempo dos czares.”

Lula elogiou a decisão de Pochmann e Gleisi de abrir o programa petista para contribuição dos apoiadores, dizendo que “o país não é nosso, nós é que somos do país” e que os ideários petistas não podem “se achar uma vanguarda”. “O povo sabe muito mais o que quer do que muita gente que acha que sabe o que o povo quer”, concluiu.

‘Plano L’

Na chegada ao hotel em São Paulo que recebeu o evento, o ex-presidente não falou com a imprensa. Já Gleisi citou uma frase, que atribuiu ao ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT), negando que o PT se prepare para o caso de Lula não poder disputar o pleito: “Nós não temos plano A, B ou C. Nós temos discussão apenas o Plano L, que é o Lula”.

Ela disse que o partido está disposto a “lutar” para que ele possa concorrer. “Nós vamos lutar pela candidatura Lula. Judicialmente e politicamente. E eu acabei de dizer aqui que a probabilidade do Lula ser candidato é de 99%”.

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