Michelle mira em Lula e Venezuela em novo discurso político em Salvador
Ex-primeira-dama participou de evento do PL Mulher na Bahia e criticou políticas e discursos do governo
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou de um evento do PL Mulher em Salvador (BA) neste sábado, 9, e aproveitou o discurso para criticar ações do governo Lula e tentar cabalar tentos junto ao eleitorado evangélico, que, segundo levantamento do instituto Datafolha, se aproxima de 30% dos votantes no país. Michelle é vista como uma das grandes apostas do PL para herdar a popularidade de Jair Bolsonaro nas eleições de 2026 e tem sido testada politicamente em palanques por todo o país – no mais recente deles, na manifestação do último dia 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, em São Paulo.
Conforme mostrou VEJA, Michelle é apontada pelo PL como a principal herdeira da popularidade de Jair Bolsonaro e virtual candidata nas eleições majoritárias caso o ex-presidente, caso ele permaneça inelegível em 2026. Levantamento feito em fevereiro mostra que a ex-primeira-dama supera, por exemplo, o atual governador de São Paulo Tarcísio de Freitas em um eventual embate com Lula em 2026 – na pesquisa, Michelle registra 38,7% das intenções de voto em um cenário contra Lula, líder com 45,4%.; enquanto Tarcísio contabiliza 34,6% ante 45,8% do atual mandatário.
Sob o verniz de presidente do PL Mulher, plataforma encontrada pelo partido para expô-la politicamente, Michelle se posicionou explicitamente contra políticas e discursos recentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e estocou o petista ao se referir a ele como “persona non grata“, classificação anunciada pelo governo de Israel após o presidente brasileiro ter comparado a ação militar israelense na Faixa de Gaza como uma suposta nova edição do Holocausto. “Nós não compactuamos com as falas sobre Israel porque as pessoas de bem amam e abençoam Israel”, disse.
Michelle tem sido estimulada a testar sua capacidade política junto ao eleitorado evangélico — sobretudo o feminino. No discurso em Salvador, a ex-primeira-dama defendeu o fortalecimento do movimento feminino na política e voltou a criticar o feminismo, moinho de vento de conservadores que apoiam o ex-presidente Bolsonaro. “Estamos aqui para sermos ajudadoras, é nosso papel como esposa. Queremos fazer uma política colaborativa, nós não queremos competir com vocês”, disse à plateia. “Nós amamos vocês, homens”, disse em outro momento.
Ela ainda criticou o excesso de viagens internacionais do presidente e afirmou que os gastos em hotéis cinco estrelas poderiam ajudar a subsidiar o pagamento de uma 13° parcela aos beneficiários do programa Bolsa Família. Lembrou da quebra de promessa de Lula ao colocar mais mulheres no governo e classificou como misógino o discurso do presidente sobre as eleições na Venezuela. Nesta semana, em mais um tiro no pé da diplomacia brasileira, Lula afirmou que “não ficou chorando” quando foi impedido de disputar as eleições presidenciais em 2018. María Corina Machado, candidata de oposição na Venezuela, está impedida de disputar eleições no país. “O atual presidente já tirou mulheres do alto escalão do governo e não indicou mulheres ao STF quando teve oportunidade. Ainda faz chacota e misoginia com uma candidata na Venezuela e apoia um governo ditador”, finalizou Michelle.