Migração de eleitor petista pode definir eleição em Pernambuco
Com saída de Marília Arraes da disputa, 33% de seus eleitores preferem Armando Monteiro (PTB), enquanto 13% ficam com Paulo Câmara (PSB), diz pesquisa
Marcada por interferências externas sobre decisões locais, a eleição em Pernambuco pode consolidar uma hegemonia do PSB que já dura 12 anos no estado. Com a tentativa de reeleição do governador Paulo Câmara, o partido tem chances de conseguir sua quarta vitória seguida. As duas primeiras, em 2006 e 2010, foram com Eduardo Campos.
Mas o resultado nas urnas poderá ser definido na hora em que os eleitores que tendiam a votar em Marília Arraes (PT) migrarem seus votos para os candidatos que restaram.
A vereadora petista havia sido escolhida na convenção estadual como candidata ao governo. Porém, um acordo entre as executivas nacionais do PT e do PSB, para que o segundo se mantivesse neutro nas eleições presidenciais, enterrou a candidatura de Marília em troca do apoio petista a Câmara.
Com a manobra, o objetivo do partido de Lula era isolar Ciro Gomes, que ficou nacionalmente sem a aliança com o PSB. O arranjo também afetou a candidatura de Márcio Lacerda (PSB) ao governo de Minas Gerias, que pretende insistir na postulação contrariando a orientação da executiva nacional.
Em pesquisas de opinião feitas no mês passado pelo instituto Datamétrica, Câmara aparecia em primeiro, com 25% das intenções, seguido de Marília (21%) e Armando Monteiro (17%), candidato do PTB. Como a margem de erro é de 4 pontos, os três candidatos estavam tecnicamente empatados.
Levantamento do mesmo instituto mostra que 33% dos eleitores de Marília pendem para Armando Monteiro, enquanto apenas 13% votariam em Paulo Câmara. Em 2014, o governador de Pernambuco apoiou o tucano Aécio Neves no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT), e se posicionou favoravelmente ao impeachment da presidente.
Sem a presença da vereadora petista na pesquisa, o candidato do PSB tem 28%, enquanto o do PTB aparece com 22%. Tecnicamente, eles continuam empatados.
A pesquisa está registrada sob o número PE-09139/2018. A Datamétrica ouviu 600 pessoas entre 11 e 12 de julho. O levantamento possui nível de confiança de 95% e margem de erro de quatro pontos percentuais para mais ou para menos.
Legado de Miguel Arraes
Com as candidaturas ao governo do estado definidas, Marília decidiu concorrer ao cargo de deputada federal. Neta do ex-governador Miguel Arraes, ela disputará a mesma vaga que o novato em eleições João Campos (PSB), filho de Eduardo Campos e bisneto de Arraes, numa briga pelo legado do político.
Marília já havia rompido com Eduardo Campos, seu primo, em 2014, porque ele não a lançou como candidata à deputada federal. Em relação ao PT e a sua candidatura frustrada ao governo, ela optou por não insistir pela vaga para manter o ambiente pacificado no partido. João Campos tem o apoio de Paulo Câmara e do prefeito do Recife, Geraldo Júlio (PSB).
Conheça os candidatos ao governo de Pernambuco:
Armando Monteiro (PTB), senador
Vice: Fred Ferreira (PSC)
Coligação: PTB, PPS, PSDB, DEM, PSC, PRB, PV, Pode, PRTB, PSL, PHS, DC, PMB
Dani Portela (PSOL), historiadora e advogada
Vice: Gerlane Simões
Coligação: PSOL, PCB
Julio Lossio (Rede), médico e ex-prefeito de Petrolina
Vice: Luciano Bezerra (Rede)
Maurício Rands (Pros), advogado e ex-deputado federal
Vice: Isabella Fiorenzano (PDT)
Coligação: Pros, PDT, Avante
Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco
Vice: Luciana Santos (PCdoB)
Coligação: PSB, PCdoB, PT, MDB, PP, PR, PMN, PTC, PRP, Patriota, PSD, PPL, Solidariedade
Simone Fontana (PSTU), professora
Vice: Jair Pedro (PSTU)
Ana Patrícia Alves (PCO), agente de saúde
Vice: Gilson de Oliveira (PCO)