Ministério Público denuncia líder do MBL por tráfico de influência em SP
Renan Santos, coordenador nacional do grupo, teria indicado empresário que operou esquema de fraude em licitações na Imprensa Oficial do estado
Depois de uma operação na sede do Movimento Brasil Livre (MBL) em julho deste ano, foi divulgada nesta segunda-feira, 26, a primeira denúncia feita pelo Ministério Público de São Paulo contra acusados de participar de um suposto esquema de fraude envolvendo verbas do governo de São Paulo que teria beneficiado o movimento político. Foram alvos da primeira acusação o empresário Alessander Mônaco, apontado como operador do MBL, e Renan Santos, um dos líderes da entidade, além de um funcionário do governo paulista e de dois funcionários da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Essa primeira acusação trata de verbas da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Imesp), mas VEJA apurou que Mônaco ainda é investigado em pelo menos outros dois inquéritos que apuram desvios de verbas estaduais.
Mônaco é acusado de fraude em licitações, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia, ele fraudou uma contratação de 8,9 milhões de reais em junho do ano passado, em conluio com funcionários da Fipe. Para a Promotoria, parte desses 8,9 milhões de reais foi desviado para Mônaco e para o MBL. Segundo a acusação, esse contrato da Fipe com a Imprensa Oficial era parte de uma retribuição de negócios que Mônaco tinha feito com a fundação — de 2016 a 2019, ele faturou 2,8 milhões de reais da Fipe. Em nota, a Fipe negou conhecer qualquer fato que possa justificar algum questionamento nessa contratação e declarou que “não compactua com condutas ilícitas de qualquer espécie”.
Renan Santos, que é um dos coordenadores nacionais do MBL, foi acusado nesta primeira denúncia de tráfico de influência. O Ministério Público alega que foi ele quem articulou a nomeação de Mônaco para o cargo de gerente de tecnologia da informação do Imesp. Segundo a Promotoria, Mônaco repassou recursos obtidos no esquema para o MBL, fazendo doações durante “lives” do grupo no YouTube. “As doações efetuadas mensalmente por ele ao MBL somavam valores que seriam, em tese, muito além da sua ‘suposta’ capacidade econômico-financeira – decorrente somente daquele emprego público”, afirma o promotor Marcelo Mendroni na denúncia.
O Ministério Público ainda investiga se o esquema se alimentou de trocas de favores com políticos. Em um bloco de anotações de Mônaco, havia anotações de nomes de políticos, mas a investigação ainda busca identificar se eles foram beneficiados pelo esquema ou se contribuíram para os desvios de alguma forma.