O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), aparece em um grampo telefônico realizado pela Polícia Federal (PF) durante as investigações da Operação Carne Fraca, deflagrada na manhã desta sexta-feira, que investiga irregularidades na liberação de carnes por frigoríficos por meio de pagamento de propinas a fiscais do Ministério da Agricultura.
Na gravação, Serraglio, quando era deputado federal, conversa com o superintendente do ministério no Paraná entre 2007 e 2016, Daniel Gonçalves Filho. No diálogo, Daniel é informado pelo agora ministro sobre problemas que um frigorífico de Iporã, no Paraná, estaria tendo com a fiscalização do Ministério da Agricultura.
O ministro foi nomeado pelo presidente Michel Temer, no dia 23 de fevereiro, após a saída de Alexandre de Moraes para assumir a cadeira do ministro Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na ligação, Serraglio se refere ao superintendente como “grande chefe”. A conversa segue com o ministro afirmando que o fiscal responsável pelo frigorífico Larissa “apavorou o Paulo”, em referência ao empresário Paulo Rogério Sposito, que foi candidato a deputado federal pelo PPS em São Paulo, em 2010, com o nome de Paulinho Larissa.
“O cara que está fiscalizando lá apavorou o Paulo, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico… Botou a boca. Deixou o Paulo apavorado”, comentou. Gonçalves Filho responde: “Deixa eu ver o que está acontecendo… tomar pé da situação lá, tá… falo com o senhor”.
De acordo com as investigações, logo após encerrar a ligação, Gonçalves Filho ligou para Maria do Rocio, chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, na superintendência do Paraná, informando que o fiscal da cidade de Iporã queria fechar o frigorífico de Sposito. Em seguida, ele pede que seja averiguado o que está acontecendo. Ela então obedece à ordem e, em seguida, informa Gonçalves Filho que “não tem nada de errado lá, está tudo normal”. Segundo a PF, a informação foi repassada ao ministro.
Defesa
Procurada pela reportagem, a assessoria do ministro informou: “Se havia alguma dúvida de que o ministro Osmar Serraglio, ao assumir o cargo, interferiria de alguma forma na autonomia do trabalho da Polícia Federal, esse é um exemplo cabal que fala por si só. O ministro soube hoje, como um cidadão igual a todos, que teve seu nome citado em uma investigação. A conclusão, tanto pelo Ministério Público Federal quanto pelo juiz federal, é a de que não há qualquer indício de ilegalidade nessa conversa degravada”. Serraglio não está entre os alvos da operação desta sexta-feira.
Também questionado pelo site de VEJA, o Frigorífico Larissa declarou que vai se pronunciar ainda nesta sexta-feira.