O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a quebra de sigilos fiscal e bancário de Jair e Michelle Bolsonaro. O pedido para a quebra dos sigilos havia sido feito pela Polícia Federal na semana passada, na esteira da operação que mirou ajudantes do ex-presidente para a apuração do caso das joias.
Nesta quinta-feira, VEJA revelou em reportagem de capa que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, decidiu confessar sua participação no caso das joias — e vai apontar o ex-presidente como o mandante da operação, segundo confirmou seu advogado, o criminalista Cezar Bitencourt.
Cid vai confirmar que participou da venda das joias nos Estados Unidos, providenciou a transferência para o Brasil do dinheiro arrecadado e o entregou a Jair Bolsonaro — em espécie, para não deixar rastros.
A venda de dois relógios de luxo, um Rolex e um Patek Philippe, rendeu 68.000 dólares à “organização criminosa” que, segundo a Polícia Federal, usou a estrutura do Estado para enriquecimento ilícito. Cid dirá à Justiça que negociou as mercadorias por ordem do chefe. “Resolve lá”, teria dito Bolsonaro, numa determinação que incluía ainda trazer para o Brasil o dinheiro amealhado. “A relação de subordinação na iniciativa privada é uma coisa. O funcionário pode cumprir ou não. No funcionalismo público, é diferente. Em se tratando de um militar, essa subordinação é muito maior”, explica o advogado.
Na semana passada, após a operação da PF, a defesa de Bolsonaro afirmou que ele “jamais se apropriou ou desviou quaisquer bens públicos” e que devolveu “voluntariamente” algumas das joias que estavam em seu poder em março.