O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes atendeu nesta sexta-feira a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e instaurou novo inquérito contra o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicação, Gilberto Kassab (PSD). O pedido de investigação foi feito com base nas delações de executivos do Grupo J&F, controlador da JBS.
A PGR cita que Wesley Batista, um dos sócios do J&F, delatou supostos pagamentos mensais de propina, em torno de 350.000 reais, em favor de Kassab, através da empresa Yape Consultoria e Debates.
Já o ex-diretor de Relações Institucionais da empresa Ricardo Saud afirmou que, nas eleições de 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) comprou o apoio político de Kassab e do PSD à reeleição da então presidente Dilma Rousseff, indicando o Grupo J&F para fazer os pagamentos. A propina teria sido encaminhada por meio de doações oficiais e o pagamento de 5,5 milhões de reais, divididos em 22 parcelas de 250.000 reais, justificado por notas fiscais frias emitidas pela Yape, diz a PGR.
“Vale observar que Wesley Batista menciona possuir os documentos referentes à contratação da empresa Yape Consultoria e Debates Ltda. e respectivos pagamentos”, destaca a procuradora-geral da República, Raquel Dodge.
A PGR ainda pediu para que Wesley e Saud, ambos presos, prestem esclarecimentos para o detalhamento dos fatos narrados “e para que sejam instados a apresentar toda a documentação comprobatória de suas alegações ou indicar os meios de corroboração de suas assertivas”.
Procurada pela reportagem, a assessoria do ministro não respondeu até o fechamento deste texto. Mais cedo, quando questionado sobre o pedido da PGR pela abertura de inquérito, Kassab afirmou por meio de nota que reafirma a “lisura de seus atos, pautados no cumprimento da legislação”, e ressalta “sua confiança na Justiça”.