Moraes determina que PF apresente mensagens trocadas entre Marielle Franco e delegado
Decisão atende ao pedido da defesa do ex-chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, que tenta provar relação cordial entre réu e vereadora

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes ordenou, na tarde desta terça-feira 11, que a Polícia Federal entregue à Corte a transcrição das mensagens de WhatsApp trocadas entre o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e a ex-vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, junto com o motorista Anderson Gomes.
A decisão atende a um pedido da defesa do delegado, que nega a participação no caso e busca provar a existência de uma relação cordial entre os dois por meio das mensagens anexadas ao processo. Rivaldo está em prisão preventiva desde março do ano passado, acusado como um dos mentores do crime. Ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob suspeita de planejar e ordenar o assassinato da vereadora, além de tentar atrapalhar as investigações do caso enquanto era chefe da Polícia Civil do Rio.

A ordem de Moraes determina ainda a inclusão no processo das conversas do delegado com o general do Exército Richard Nunes, que na época do crime chefiava a Secretaria de Segurança Pública do Rio, os delegados de Polícia Civil Giniton Lages e Daniel Rosa, que participaram das investigações, e Brenno Carnevale, responsável por relatar interferências de Rivaldo na Delegacia de Homicídios da Capital.
Também à pedido da defesa, o ministro determinou que seja encaminhado na íntegra o processo criminal sobre Cristiano Girão, acusado de chefiar milícia no bairro Gardênia Azul e apontado pelos advogados de Rivaldo como mandante do crime. A equipe sustenta ainda que Daniel Rosa teria sido afastado por apontar nas investigações o nome de Girão.
Relembre o caso
Em 14 de março de 2018, a então vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foram assassinados no bairro Estácio, na região central do Rio de Janeiro. Eles voltavam de um evento na Lapa quando o veículo em que estavam foi alvejado por tiros disparados de um carro que passava.
De acordo com a denúncia da PGR, a motivação do crime seria frear a atuação da vereadora contra a grilagem de terras em áreas controladas por milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na mesma denúncia, o deputado Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, e Rivaldo Barbosa são acusados de planejar a morte de Marielle.