Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Continua após publicidade

Moro assume ministério com mira em corrupção, crime organizado e violência

Em discurso, ex-juiz citou projeto contra o crime a ser enviado ao Congresso e declarou que o Brasil não será 'porto seguro' de criminosos

Por João Pedroso de Campos, de Brasília
Atualizado em 2 jan 2019, 12h45 - Publicado em 2 jan 2019, 11h41

Ao receber o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública no governo do presidente Jair Bolsonaro, o ex-juiz federal Sergio Moro afirmou que a “missão prioritária” de sua gestão é “o fim da impunidade da grande corrupção, o combate ao crime organizado e a redução dos crimes violentos”. Em discurso de cerca de 20 minutos no Palácio da Justiça, ao lado dos ex-ministros da Segurança, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, e do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, Moro declarou que estes crimes “geram desconfiança e medo, afetando a credibilidade das instituições e, em certo nível, a própria qualidade da democracia e da vida cotidiana”.

O ministro citou exemplos de medidas “ainda em elaboração” que sua equipe vai propor ao Congresso. Ele disse que o governo apresentará logo no início da próxima legislatura, em fevereiro, o “projeto anticrime” que já havia sido anunciado durante a transição de governo. Entre as mudanças “simples, mas eficazes”, nas palavras de Sergio Moro, estarão a previsão de operações disfarçadas das polícias e a proibição de progressão de regime a membros de organizações criminosas.

“Não haverá aqui a estratégia não muito eficaz de somente elevar penas. Pretende-se, sim, enfrentar os pontos de estrangulamento da legislação penal e processual penal e que impactam a eficácia do sistema de Justiça Criminal”, pontuou Moro.

Ainda na esfera legislativa, o ministro declarou que o governo pretende “deixar mais claro na lei” que réus condenados em segunda instância em processos criminais podem ser presos para cumprir pena. Moro classificou as decisões do Supremo que permitem a execução de pena após sentença em segundo grau como “mais importante avanço institucional dos últimos anos”. “Processo sem fim é justiça nenhuma”, completou. O STF marcou para o dia 10 de abril uma análise definitiva das prisões depois da segunda instância.

Especificamente sobre o combate às facções criminosas que comandam o tráfico e dominam os presídios no país, Moro afirmou que não se trata de uma “tarefa impossível” e citou o desmantelamento de famílias mafiosas nos Estados Unidos e na Itália. “O remédio é universal, embora nem sempre de fácil implementação, é prisão dos membros, isolamento carcerário das lideranças, identificação da estrutura e confisco de seus bens”.

Continua após a publicidade

O ministro anunciou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) passará a ser responsável por confiscar o patrimônio de organizações criminosas. Para ele, o Estado deve “se servir de forma mais eficaz” dos bens de grandes criminosos e empregar os recursos no financiamento da segurança pública e no tratamento de dependentes químicos.

Segundo o ministro, a Secretaria Nacional de Segurança Pública, ocupada pelo general Guilherme Teóphilo, vai atuar para “padronizar procedimentos, gestão e estrutura” das polícias estaduais e do Distrito Federal, “respeitadas as autonomias locais”. “Deve ter um papel equivalente ao da intervenção federal do Rio de Janeiro e que reestruturou a Segurança Pública naquele estado. Aqui, evidentemente, substituindo intervenção por cooperação”, ponderou.

Em relação aos crimes violentos no país, Sergio Moro disse que pretende fazer com que o Banco Nacional de Perfis Genéticos “deixe de ser apenas uma miragem legal”. O ministro pretende que, até o fim do governo, passem a constar no banco de dados o perfil genético de todos os condenados por crimes dolosos no Brasil ou, pelo menos, de todos os sentenciados por crimes dolosos violentos. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registradas 63.880 mortes violentas no país em 2017.

A respeito do combate à corrupção, Moro anunciou que as forças-tarefas da Polícia Federal responsáveis por investigações de crimes de colarinho branco nos estados e junto ao STF serão “reestruturadas e fortalecidas”. Ele afirmou que o brasileiro tem “direito de viver sem a sensação de que está sendo roubado ou enganado pelos seus representantes nas diversas esferas de poder”.

Continua após a publicidade

Em seu discurso, o ex-juiz federal também voltou a explicar porque deixou a magistratura para ingressar na vida política e afirmou que investigações e “condenações eficazes” são insuficientes para combater a corrupção. “São necessárias políticas mais gerais contra a corrupção, com leis que tornem o sistema de Justiça mais eficaz e leis que diminuam incentivos e oportunidades contra a corrupção. Um juiz em Curitiba pouco pode fazer a esse respeito, no âmbito de políticas gerais, mas no governo federal a história pode ser diferente”, disse.

Sem citar o caso do ex-ativista de extrema esquerda italiano Cesare Battisti, que teve a extradição assinada pelo ex-presidente Michel Temer e a prisão determinada pelo STF e está foragido, Sergio Moro declarou que “o Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político partidários”. Em 2010, no último dia de seu mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu asilo a Battisti, condenado na Itália por quatro assassinatos na década de 1970.

Leia aqui a íntegra do discurso de Sergio Moro.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

a partir de 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.