A passagem do juiz Sergio Moro pela Universidade de Coimbra, uma das mais respeitadas de Portugal, para participar como docente de um curso de extensão em direito, repercutiu mal em parte da comunidade brasileira na instituição. Muros foram pichados com frases negativas contra o juiz, chamado de “vândalo”, e pedidos de investigação de supostos “crimes” cometidos pelo magistrado. “A justiça é cega para os crimes de Sergio Moro”, diz uma das mensagens.
Moro está em Portugal para o curso “Transparência, accountability, compliance, boa governança e princípio anticorrupção”, que está no sétimo módulo (os outros seis aconteceram no Recife). Em carta enviada aos diretores das duas instituições, a Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb/Coimbra) lamentou o convite ao juiz
O grupo alega que “os métodos de atuação no processo judicial adotados por Sergio Moro são contestados no Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas”. “A Apeb/Coimbra manifesta a sua perplexidade com a escolha dessa personagem para participar no evento que trate de tais temáticas na qualidade de conferencista”, dizem os estudantes.
A associação nega ter sido a autora das pichações contra Moro, afirmando que se limitou a manifestar o seu posicionamento aos organizadores do evento e diz imaginar que as mensagens foram escritas por outros coletivos ou indivíduos. “Apesar de a instituição ser publicamente conhecida na Universidade, não fomos procurados e, com isso, questionamos os critérios utilizados pelos órgãos competentes. Não nos responsabilizamos, todavia, pelas manifestações individuais de cada um”, argumentaram a VEJA.
As fotos foram divulgadas em uma rede social pelo coletivo Esquerda Brasileira em Coimbra (Ebrac), que não especificou na publicação a autoria, limitando-se a apresentá-las como “recepção de protesto pela presença de Sergio Moro em Coimbra”. Procurada, a Ebrac não se manifestou sobre as imagens divulgadas.
A Universidade de Coimbra é uma das instituições internacionais mais abertas aos estudantes brasileiros, aceitando, inclusive, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como meio de acesso. A universidade não se posicionou sobre os protestos até a publicação deste texto. A FCL, co-organizadora do evento, afirmou que divulgará um comunicado sobre o ocorrido até o final desta terça-feira.