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‘Moro pescava com varinha, agora vai ter rede de arrastão’, diz Bolsonaro

Presidente eleito reafirmou que juiz pediu e terá 'carta branca' para combater corrupção e crime organizado no Ministério da Justiça e Segurança Pública

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 nov 2018, 20h24 - Publicado em 9 nov 2018, 20h17

O presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), voltou a afirmar nesta sexta-feira 9 que o juiz federal Sergio Moro, futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, pediu e terá “carta branca” à frente da pasta para combater, sobretudo, corrupção e crime organizado. Bolsonaro citou uma operação da Polícia Federal que mirou desvios em recursos da merenda escolar no Pará, deflagrada nesta sexta, e disse que até agora Moro “pescava com varinha”, mas passará a “pescar com rede de arrastão de 500 metros”.

“O Sergio Moro vai pegar vocês, abra teu olho hein? Ele lá agora, ao contrário do que alguns estão falando aí, ele pescava com varinha, agora ele vai pescar com rede de arrastão de 500 metros. E nós queremos isso, o povo quer isso, combater a corrupção no Brasil, combater o que está dando errado para a gente sonhar com aquilo que nós merecemos”, declarou o presidente eleito, por meio de uma transmissão ao vivo em seu perfil no Facebook.

Jair Bolsonaro ressaltou que só falou pela primeira vez com o futuro ministro após o segundo turno e disse que não teria como dizer “não” à condição de Sergio Moro de ter “carta branca” à frente da pasta, incluindo o controle da PF. “[Moro] vai ter toda a liberdade para combater a corrupção e o crime organizado”.

“Durante a campanha toda nunca conversei com Sergio Moro, fui falar com ele depois do segundo turno das eleições. Ele veio na minha casa, apresentou o que ele queria caso aceitasse o Ministério da Justiça e eu não tenho como falar ‘não’, ele quer carta branca para combater a corrupção e o crime organizado, ele quer meios, ele quer que a Polícia Federal realmente esteja ali no seu guarda-chuva”, disse o pesselista.

O presidente eleito também voltou a afirmar que, em caso de discordâncias com o superministro, eles buscarão um “meio termo”. Bolsonaro ilustrou a possibilidade citando a redução da maioridade penal – ele defende uma redução para 16 anos de idade, enquanto Sergio Moro é favorável que a medida seja aplicada em casos de crimes graves, como homicídio, lesão corporal grave e estupro.

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“Eu gostaria que fosse 16, vamos supor que ele fale ‘tem que ser 18’, vamos chegar em um meio termo, vamos propor 17, vamos conversar, ninguém quer impor nada, nem eu pra ele, nem ele pra mim e assim nós vamos trabalhar”, explicou.

Próximos ministérios e ‘quatro estrelas’ na Defesa

Na transmissão ao vivo, Jair Bolsonaro afirmou que os próximos ministros que ele deve anunciar, na semana que vem, serão os de Meio Ambiente, Saúde, Relações Exteriores e Educação. Sobre a pasta da Defesa, que não será mais ocupada pelo general Augusto Heleno, anunciado no Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), o presidente eleito afirmou que não abre mão de um oficial de quatro estrelas para a vaga.

“Abriu a oportunidade agora para a Defesa entrar outra pessoa, né. Eu só não abro mão que seja um quatro estrelas, um oficial general do último posto, só não abro mão disso. O resto a gente conversa, vai ser da Marinha, da Aeronáutica ou do próprio Exército, não tem problema nenhum, mas tem que ser um quatro estrelas e confiarei em qualquer um que porventura chegue lá”, anunciou.

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Bolsonaro também ironizou o descontentamento do produtor rural Luiz Antônio Nabhan Garcia, um de seus aliados mais próximos durante a campanha eleitoral, com a indicação da deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) ao Ministério da Agricultura. Presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan tinha interesse em ele próprio ocupar a pasta ou em indicar o ministro.

“Lamento que outro colega aí, andou se excedendo, achando que devia ser ele, porque ele representava melhor, que ele estava há mais tempo comigo. Está há mais tempo comigo, tem que botar minha mãe como ministra lá, então. Minha mãe está comigo há 63 anos, me apoiou em tudo até hoje, então minha mãe tinha que ser ministra da Agricultura”, afirmou Bolsonaro, que agradeceu Nabhan Garcia pelas “informações” e “viagens pelo Brasil”.

Ele ressaltou que quem indicou a Tereza, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, foi o “setor produtivo”. “Precisamos da Câmara e os deputados sabem o que querem para a questão do agronegócio. Apresentaram o nome dela e eu fechei questão”, disse o presidente eleito.

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