Para MPF, Temer foi destinatário de propinas em obras de Angra 3
Ex-presidente é apontado como líder de uma organização criminosa, acusado de receber 1,8 bilhão de reais de propina
A denúncia que levou à prisão do ex-presidente Michel Temer está relacionada a desvios de recursos nas obras da usina nuclear de Angra 3. Temer é apontado como líder de uma organização criminosa que recebeu 1,8 bilhão de reais de propina em troca do contrato para a construção da usina.
Segundo o MPF, são apurados os crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro. De acordo com a denúncia do MPF, o dinheiro teria sido requisitado pelo coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer e dono da Argeplan, e pelo ex-ministro Moreira Franco, com o aval do ex-presidente. O pagamento teria sido realizado em 2014, quando Temer ainda ocupava o cargo de vice de Dilma Rousseff.
“Na presente investigação são apurados crimes de corrupção, peculato e lavagem de dinheiro, em razão de possíveis pagamentos ilícitos feitos por determinação de José Antunes Sobrinho para o grupo criminoso liderado por Michel Temer, bem como de possíveis desvios de recursos da Eletronuclear para empresas indicadas pelo referido grupo. Após celebração de acordo de colaboração premiada com um dos envolvidos e o aprofundamento das investigações, foi identificado sofisticado esquema criminoso para pagamento de propina na contratação das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix para a execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico 01, da usina nuclear de Angra 3″, afirmou o Ministério Público Federal em nota.
Segundo o MPF, as investigações apontam que a organização criminosa praticou diversos crimes envolvendo variados órgãos públicos e empresas estatais, tendo sido prometido, pago ou desviado para o grupo mais de 1,8 bilhão de reais. “A investigação atual ainda mostra que diversas pessoas físicas e jurídicas usadas de maneira interposta na rede de lavagem de ativos de Michel Temer continuam recebendo e movimentando valores ilícitos, além de permanecerem ocultando valores, inclusive no exterior.”
O MPF afirma também que as apurações indicaram uma espécie de braço da organização, especializado em atos de contrainteligência, a fim de dificultar as investigações, tais como o monitoramento das investigações e dos investigadores, a combinação de versões entre os investigados e, inclusive, seus subordinados, e a produção de documentos forjados para despistar o estado atual das investigações.
Além de Temer, Moreira Franco e Coronel Lima, a Justiça Federal também determinou a prisão preventiva de Maria Rita Fratezi, arquiteta e mulher do coronel Lima; Carlos Alberto Costa, sócio do coronel Lima na Argeplan; Carlos Alberto Costa Filho, diretor da Argeplan e filho de Carlos Alberto Costa; Vanderlei de Natale, sócio da Construbase e Carlos Alberto Montenegro Gallo, administrador da empresa CG IMPEX. Rodrigo Castro Alves Neves, responsável pela Alumi Publicidades e Carlos Jorge Zimmermann, representante da empresa finlandesa-sueca AF Consult tiveram pedidos de prisão temporária.