MPF barra procurador indicado por Bolsonaro para comissão sobre a ditadura
Por 6 votos a 4, o Conselho Superior rejeitou Ailton Benedito, conhecido por suas posições pró-regime militar e contra a esquerda e direitos humanos
O Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF) rejeitou, em sessão nesta terça-feira, 6, o nome do procurador Ailton Benedito para integrar a Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos – conhecido por suas posições à direita, ele havia sido indicado pelo presidente Jair Bolsonaro numa tentativa de mudar a cara do órgão, considerado pelo governo de viés contrário ao período da ditadura militar.
Ele ocuparia o lugar do procurador Ivan Marx, mas o seu nome foi rejeitado por 6 votos a 4, inclusive com o voto contrário da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que havia defendido anteriormente a sua indicação.
Ativo nas redes sociais, Benedito ficou conhecido por atacar o PT, os perseguidos pela ditadura, as políticas de direitos humanos e de gênero e por dizer que o nazismo que era um movimento ideológico de esquerda, tese que é rechaçada até pelo Museu do Holocausto, em Israel.
Logo após sua indicação ter recebido críticas de lideranças políticas, como a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), militantes e entidades de direitos humanos, Benedito postou no Twitter: “Só a militância político-midiática esquerdista e a, agora, ex-presidente fingem se surpreender com as mudanças na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. A bem da verdade, o governo demorou muito para executar tais mudanças absolutamente previsíveis”, escreveu.
Logo após a decisão, também no Twitter, o procurador, que se identifica como conservador em sua biografia na rede social, disse que “independentemente da decisão do CSMPF sobre a minha designação para o integrar a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, o mais importante é que a verdade se mostra nua e crua, doa a quem doer, como uma trave nos olhos”.
Segundo ele, o conselho entendeu que não cabe ao presidente da República designar membro do MPF para integrar a comissão, mas à Procuradoria-Geral da República. VEJA ainda não conseguiu confirmar a informação.