Em alegações finais, o Ministério Público Federal (MPF) em Brasília pediu a condenação do ex-assessor da Presidência da República Rodrigo da Rocha Loures no processo em que ele é acusado de receber uma mala com 500.000 reais de delatores da JBS, supostamente destinada ao ex-presidente Michel Temer (MDB). Em 28 páginas, o procurador Carlos Henrique Martins Lima pede que Rocha Loures seja sentenciado pelo crime de corrupção passiva.
Em abril de 2017, o ex-assessor de Temer foi filmado em ação controlada da Polícia Federal recebendo a mala do executivo Ricardo Saud, ex-diretor de Relações Institucionais da JBS.
Ele foi um dos alvos da Operação Patmos, deflagrada em maio daquele ano, e acabou denunciado, ao lado do ex-presidente, pela suposta propina. Rocha Loures foi acusado de agir em nome de Temer e na condição de “homem de confiança” dele para interceder junto à diretoria do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – órgão antitruste do governo federal – em benefício da JBS. Delatores da empresa dizem que foi prometida uma “aposentadoria” de 500.000 reais semanais durante 20 anos ao ex-assessor e a Temer.
Em relação a Temer, a abertura de ação foi barrada em votação na Câmara dos Deputados. Como não tinha mais foro privilegiado, Rodrigo Rocha Loures passou a se defender do processo na 10ª Vara Federal de Brasília, que aceitou a acusação do MPF.
De acordo com o procurador Martins Lima, “restou demonstrando que o réu Rodrigo Santos da Rocha Loures agiu com vontade livre e consciente e recebeu vantagem indevida para Michel Elias Temer, em virtude da condição deste de chefe do Poder Executivo, materializado no valor de R$ 500.000,00, além da promessa de prestações semanais”.
“A explicação do réu de que fora à pizzaria Camelo determinado a por termo às tratativas com Ricardo Saud e Joesley Batista é desconstruída pelo fato de que, após o dia 28/04/2017, prosseguiu trocando mensagens com o empresário, confirmando o teor das tratativas de que o pagamento indevido continuaria ocorrendo de modo permanente, reiterado e habitual e, ainda, que Rodrigo Loures falava em nome de Michel Temer”, sustenta.