Em sua última manifestação pública antes do julgamento que pode comprometer seu futuro político, o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou que é inocente e disse esperar que os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) analisem apenas os autos do processo e não levem em conta “convicções políticas”. As declarações foram dadas em um ato no centro de Porto Alegre em seu apoio, organizado pelo PT e movimentos sociais e centrais sindicais aliados.
“Tenho advogados competentes que já comprovaram minha inocência. Acredito que aqueles que vão votar deverão se ater aos autos do processo e não às convicções políticas de cada um”, declarou o ex presidente. Condenado em primeira instância pelo juiz federal Sergio Moro a nove anos e meio de prisão no processo referente ao tríplex do Guarujá, Lula terá seu recurso contra a sentença analisado nesta quarta feira, 24, pela 8ª Turma do TRF4. Composto por três desembargadores, João Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus, o colegiado se reunirá a partir das 8h30.
Em seu discurso à militância, Lula voltou a criticar indiretamente Moro. “Eu duvido que nesse país tenha um magistrado mais honesto que eu”, afirmou ele, que disse falar com a “tranquilidade dos inocentes que não cometeram crime”. Além da “elite”, outro alvo de Lula em sua fala foi a imprensa. O petista chegou a dizer que tem “pena” dos jornalistas e que os veículos de comunicação do país sofrem de “complexo de vira-lata”
Sobre as eleições, Lula disse sentir que seus rivais têm “medo” de sua volta pelos feitos de seu governo, entre 2003 e 2010. “Se for medo, é bom, porque eles não têm medo de coisa ruins que nós fizemos, têm medo de coisas boas que nós fizemos, disse o petista, que, em pelo menos dois momentos da fala, reconheceu genericamente erros do PT. “Porque somos seres humanos.”
Esquerda
Dirigindo-se à ex deputada federal Manuela D’Ávila, pré-candidata à Presidência da República pelo PCdoB, aliado histórico do PT, Lula disse vislumbrar uma aliança entre partidos de esquerda na eleição. “Acredito que a esquerda vai se reunir, não em torno de um candidato, mas em torno de um projeto que vai recuperar esse país. Não temos direito de permitir que, por razões menores, (ganhe) a direita, que não tem candidato e aceita qualquer coisa, menos o Lula”.