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‘Ninguém manda recado para mim’, diz Bolsonaro sobre decreto das armas

Na Marcha para Jesus, em São Paulo, o presidente questionou se os senadores haviam votado contra o projeto ou contra ele; ‘Acabou, agora é diferente’, disse

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 20 jun 2019, 17h50 - Publicado em 20 jun 2019, 17h27
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  • O presidente Jair Bolsonaro criticou na tarde desta quarta-feira, 20, em São Paulo, logo depois de participar da Marcha para Jesus, a decisão do Senado de derrubar o seu decreto que flexibilizava a posse e o porte de armas e perguntou se os parlamentares “votaram contra o decreto ou contra o presidente”.

    “Eu procuro os deputados e senadores para fazer valer aquilo que eu acho que está certo. Vocês querem acabar com o porte rural (de armas) e querem derrubar para acabar com meu decreto. A bandidagem está muito bem armada por aí. Uma senadora reverbera contra o decreto das armas, mas há algumas semanas falou que dormia com uma arma embaixo do travesseiro. Votaram contra o decreto ou contra o presidente? Querendo dar um recado para mim… Ninguém dá recado para mim”, afirmou.

    Ele disse que tem dialogado com o Congresso, mas que essa relação mudou no seu governo. “Eu converso com o Parlamento numa boa. Se alguns querem mandar recado para mim, estão agindo de forma errada. O que que é governabilidade para vocês? Acabou, agora é diferente. E a maioria dos parlamentares está do nosso lado, tenho certeza disso.”

    Nesta semana, o Senado aprovou projeto do líder da oposição, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que revoga o decreto de Bolsonaro. A derrota, por 47 votos a 28, foi a maior do governo este ano no Congresso, principalmente porque o presidente, no dia da votação, pediu publicamente que a Casa mantivesse sua regulamentação. O tema precisa agora ser votado pela Câmara – Bolsonaro já pediu aos deputados que revertam a decisão dos senadores.

    Moro

    Exaltado, Bolsonaro voltou a dizer que o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) é “patrimônio do Brasil” – na quarta-feira, o ex-juiz da Lava Jato deu, por nove horas, explicações aos senadores sobre os diálogos entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa em Curitiba, sobre processos em andamento, entre eles um do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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    O presidente disse que as conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil podem ter sido alteradas e que não vê “nada demais” nas conversas do então juiz. Em seguida, Bolsonaro se irritou com novas perguntas sobre o tema. “Eu não respondo por ele. Sergio Moro é um patrimônio deste país. Vocês querem o que, que o país volte ao que estava? A imprensa é ‘Lula Livre’?”, perguntou.

    Reeleição

    O presidente, que, mais cedo, havia falado, em Eldorado (SP), sobre a possibilidade de disputar a reeleição. Na Marcha para Jesus, voltou a tocar no assunto ao ser questionado por jornalistas. Disse que isso dependerá do que ocorrer neste mandato. “Se houver uma boa reforma política, eu posso até, nesse caldeirão, jogar fora a possibilidade de reforma política. Agora, se não tiver uma boa reforma política, se o povo quiser, estamos aí.”

    Na campanha eleitoral, Bolsonaro defendeu o fim da reeleição, mas em entrevista exclusiva a VEJA, na edição 2637, de 5 de junho, ele já havia dito pela primeira vez que as chances de disputar a reeleição estão condicionadas a “uma boa reforma política” que, entre outras medidas, enxugaria o Congresso.

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    “Se a gente fizer uma boa reforma política eu topo ir para o sacrifício e não disputar a reeleição. Porque um dos grandes problemas do Brasil na política é a reeleição. O cara chega ao final do primeiro mandato dele, ou ele quer continuar no poder, que lhe deu fama e prestígio, ou ele quer continuar porque se o outro, o adversário, assumir vai levantar os esqueletos que ele tem no armário”.

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