Embora esperada, a oficialização do apoio de Marina Silva (Rede) à candidatura de Lula (PT) à Presidência pegou muitos correligionários da ex-ministra de surpresa – e tem gente insatisfeita com o aceno.
Porta-voz do partido, a candidata a deputada federal Heloísa Helena só ficou sabendo do encontro da dupla do último domingo (11) por meio das redes sociais e demonstrou seu descontentamento.
Com uma camiseta em que se lia “Tão delicada feito coice de mula”, a ex-senadora por Alagoas publicou no mesmo dia uma foto com a legenda “Que dia… vamos meditar, né? Vixe, com essa camiseta?!”.
Se para bom entendedor meia palavra basta, que dirá uma declaração por completo. Na última terça-feira (13), ela saiu às ruas para panfletar e, sem citar nomes, fez declarações enigmáticas.
“Lá vamos nós, sem perder tempo no emaranhado das escolhas de outros, afinal RESPEITAMOS profundamente…”, escreveu.
“Se você quer uma deputada que não aceita vassalagem política em relação aos grandes e poderosos, que ousam pensar que a todos podem comprar, você tem uma deputada que não assina a rendição da covardia“, disse em um dos vídeos.
Histórico de dissidência
Ao longo de sua trajetória política, Heloísa Helena nunca se furtou de demonstrar divergência em relação a decisões partidárias. Expulsa do PT no início da era Lula – após se posicionar contra a então proposta do governo de reforma da Previdência –, fundou com dissidentes da sigla o PSOL.
Em 2010, afastou-se da presidência da legenda após o PSOL decidir apoiar a campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT). Já em 2013, recebeu uma “suspensão preventiva” do partido por ajudar Marina Silva na criação da Rede – ao qual se filiou pouco tempo depois.
De lá para cá, Heloísa apoiou Marina nas eleições de 2014 contra a reeleição de Dilma – à época, marcadas por forte ofensiva do marqueteiro do PT João Santana contra a ex-ministra do Meio Ambiente –, continuou nas críticas à “corrupção de Lula” e se posicionou a favor do impeachment da petista, em 2016.
A partir do governo Bolsonaro, em 2019, tem criticado o que classifica como “falsa polarização” entre o petismo e o bolsonarismo.
Recentemente, afirmou que não apoiaria Lula e chegou a declarar apoio à candidatura de Ciro Gomes (PDT).
Concluída no final de março, a federação Rede-PSOL, inclusive, só foi aprovada com um adendo de que nenhum membro das siglas poderia ser punido por infidelidade partidária ao apoiar um candidato que não fosse aquele apoiado pela federação.
Com o acerte, que deverá ajudar as siglas a superar a cláusula de barreira, ambas precisam seguir de forma unificada nas eleições deste ano e nos próximos quatro anos, o que envolve ainda alianças nos estados.