O novo PAC já cumpriu sua primeira (e velha) missão: a propaganda
Projeto é aposta do governo para vender a ideia de um país em reconstrução, transformado em canteiro de obras e repleto de empregos
Com a presença do primeiro escalão do governo, o presidente Lula lançou na sexta-feira o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), projeto que ele usou em seu segundo mandato para colocar de pé a candidatura presidencial de sua então ministra Dilma Rousseff. Os números, como na versão anterior da iniciativa, são expressivos.
O novo PAC prevê investimentos de cerca de 1,7 trilhão de reais. Do total, 240 bilhões de reais serão de verbas do Orçamento da União e 343 bilhões de reais de empresas estatais. Os demais recursos viriam principalmente do setor privado, que injetaria 612 bilhões de reais, atraído por meio de instrumentos como as concessões.
Num país com carências conhecidas na área de infraestrutura, a iniciativa é bem-vinda. A dúvida, como ocorreu no passado, é se será bem-sucedida. O novo PAC traz obras iniciadas há anos, em alguns casos décadas, como a Usina de Angra 3 e a refinaria de Abreu e Lima, que, segundo a Operação Lava-Jato, rendeu propina e contratos superfaturados a corruptos e corruptores. Quanto dessas obras — novas ou antigas — serão concluídas? Mais: quanto da expectativa de investimento privado se transformará em realidade?
O governo alega que nem tudo o que está previsto precisa de fato ser realizado. A ideia do PAC seria estimular os investimentos em infraestrutura, públicos e privados, e aumentá-los na comparação com os níveis atuais, o que já ajudaria a impulsionar o crescimento econômico e a gerar novos empregos.
Enquanto isso não ocorre, o programa vai cumprindo a primeira de suas missões: vender a ideia de que o governo Lula está reconstruindo o país, transformando-o num canteiro de obras e criando condições para a geração de milhares de postos de trabalho. A propagada parece boa. Por enquanto, no entanto, está longe de entregar a mercadoria prometida.