Líder do governo no Senado nos últimos seis meses de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência, o senador Carlos Portinho (PL) já se movimenta nos bastidores em busca da vaga de candidato do seu partido à Prefeitura do Rio, nas eleições do ano que vem. A disputa é acirrada: no campo da direita, ao menos quatro nomes têm se colocado como postulantes à vaga. A favor de Portinho, no entanto, pesa a preferência de um dos filhos do ex-presidente, o também senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), que já manifestou apoio ao seu nome.
Na visão de Flávio, na capital carioca, o pleito municipal terá perfil menos polarizado e mais voltado para as discussões sobre gestão. É como enxerga também Portinho, que acredita que “o perfil da eleição é o perfil do Eduardo Paes” — ou seja, para vencer o atual prefeito, que vai tentar a reeleição, será preciso atrair ao máximo o eleitorado de centro, não somente da direita.
Em meio ao cenário com diversos postulantes, o PL tem se debruçado em pesquisas internas, e uma qualitativa, nas próximas semanas, deve ajudar a decidir qual será o termômetro da eleição. Se o partido entender que o candidato ideal deve ser, de fato, menos combativo, Portinho larga na frente de outros nomes, como o deputado estadual Rodrigo Amorim e o deputado federal Eduardo Pazuello.
O senador diz ainda ter a simpatia de Jair Bolsonaro que, segundo ele, “não se opõe” à escolha de seu nome. Em seus planos, ainda está uma visita ao vereador do Rio Carlos Bolsonaro (Republicanos), na busca por arrematar o apoio da família. Depois do veto à candidatura de Flávio, a preferência de Bolsonaro é vista como valiosa. Apesar das derrotas sofridas na Justiça recentemente, o ex-presidente, de acordo com Portinho, “está disposto a participar da campanha e tem sido ativo nas conversas” do partido.
Em paralelo, o senador busca garantir alianças partidárias, o que pode servir como mais um ativo a seu favor. Houve conversas com líderes do Novo e do PSDB, além de legendas menores, como o PRTB, o PMB e o Solidariedade, e com representantes de entidades comerciais, como Firjan e Sebrae.
Até aqui, o PL ainda não definiu quem será o escolhido da sigla a entrar no embate, o que tem causado essa profusão de nomes da direita como postulantes. No próprio partido, se colocam na disputa Portinho, Pazuello e Amorim. Correm por fora o general Braga Netto, cujo nome tem perdido força, além do deputado federal Alexandre Ramagem, que também não tem se posicionado como pré-candidato. Fora da sigla, além de Amorim, podem entrar na briga ainda os parlamentares Otoni de Paula (MDB), mais próximo do eleitorado evangélico, e Dr. Luizinho, hoje líder do PP na Câmara e visto como o nome preferido do governador do Rio, de quem foi secretário da Saúde até o mês passado.
As prévias informais do PL têm sido vistas com grande importância por postulantes da sigla, já que darão maior entendimento ao cenário e serão ativo importante para preparar as melhores armas contra Paes. A avaliação é de que o prefeito, por ser conhecido por quase 100% da população, deve partir de um patamar alto, mas variar pouco, em razão de sua rejeição. Os próximos passos, avaliam integrantes do partido, devem ser calculados de maneira minuciosa, de modo a evitar que uma grande quantidade de candidatos no mesmo campo — vista inicialmente como uma forma de levar a eleição ao segundo turno — acabe deixando todos de fora, impulsionando junto ao prefeito o candidato do outro lado do espectro: o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL), que deve ser o único representante 100% da esquerda na disputa.