O ‘protesto’ de Carlos Bolsonaro sobre o caso do MC Poze

Às vésperas de o pai ex-presidente se sentar no banco dos réus sob a acusação de tramar um golpe de Estado no país, o vereador Carlos Bolsonaro foi às redes sociais neste sábado, 7, criticar a prisão preventiva do ex-ministro bolsonarista e ex-candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, Walter Braga Netto. Acusado pelo Ministério Público de inflamar setores militares por uma virada de mesa nas eleições que deram vitória a Lula, de desqualificar integrantes da caserna refratários à trama golpista e de tentar acessar ilegalmente o acordo de delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Braga Netto está preso desde o final de 2024 e, por isso, prestará depoimento ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por videoconferência.

Em seu perfil na rede social X, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro comparou a prisão – seguida de soltura – do rapper MC Poze do Rodo, detido por apologia ao crime e de ligação com a facção criminosa Comando Vermelho, com a situação de Braga Netto, preso desde 14 de dezembro passado. “MC Poze do Rodo, envolvido no Comando Vermelho: solto em 5 dias”, “General Braga Netto, um general 4 estrelas condecorado: preso há 173 dias por causa de um depoimento que já foi alterado 11 vezes”, escreveu o vereador. O funkeiro foi preso temporariamente no último dia 29 e solto depois que o desembargador Peterson Barroso Simão, da 5.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio considerou ter havido irregularidades da polícia durante a detenção.

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— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) June 7, 2025

A menção de Carlos Bolsonaro sobre a alteração de depoimentos que mencionam Braga Netto tem como pano de fundo o vaivém de versões o do delator premiado Mauro Cid. Nas primeiras oitivas como colaborador da Justiça, ele admitiu que tentara blindar o militar. Depois, confirmou as acusações contra o general, agora no banco dos réus sob a acusação de ser um dos responsáveis por planejar ações clandestinas contra a chapa presidencial eleita, coordenar ataques contra a cúpula militar refratária à trama golpista e financiar militares para execução do plano de “neutralização” de Alexandre de Moraes.

Quais são as acusações contra o general Braga Netto?

De acordo com a acusação da Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro tinha à disposição homens de confiança com divisão de tarefas específicas para a consolidação do golpe. Braga Netto, por exemplo, amealharia apoio nas franjas militares, o então ministro da Defesa Paulo Sérgio Oliveira e o diretor-geral da Abin Alexandre Ramagem produziriam estudos para contestar a higidez das urnas eletrônicas, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno redigiriam hipóteses jurídicas para a perpetuação no poder, e Mauro Cid, apontado como longa manus de Bolsonaro, atuaria como porta-voz do chefe.

Na avaliação do MP, o ex-candidato a vice Walter Braga Netto também pode ser apontado, ao lado de Bolsonaro, como um dos líderes de uma organização criminosa que planejou assassinar adversários políticos, anular o resultado legítimo de uma eleição e abolir o regime democrático no país.

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