O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou nesta quinta-feira em Washington que seu partido, o PSDB, está no governo do presidente Michel Temer (PMDB) e tem consciência de seus compromissos, entre eles, o de apoiar as reformas em curso. “[O PSDB], na sua linha dominante, é um partido que está no governo, que apoia o governo e que sustentará o governo”, disse.
Segundo ele, há clima político no Brasil para aprovar as mudanças em andamento e Temer, “mais do que ninguém, tem hoje condições de angariar maioria parlamentar para aprovar as reformas”.
“Todos compreendem que estamos vivendo um momento de turbulência política no Brasil. Isso é inegável. Mas não há turbulência institucional. As instituições funcionam e é isso que conta nas relações externas dos países”, disse o ministro, após reunião com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
O dirigente da OEA também reiterou que as instituições no Brasil estão funcionando e que os poderes continuam independentes. “Para mim, não me preocupa quando casos de corrupção são julgados. Isso é bom, e é assim que deve ser feito em todos os países. Me preocupa quando os casos de corrupção não são julgados. A Venezuela é o país mais corrupto do continente e é um dos dez países mais corruptos do mundo e não há um só caso julgado de corrupção no sistema político venezuelano”, afirmou Almagro.
Aloysio Nunes apresentou ao secretário-geral da OEA a possibilidade de que uma missão da organização acompanhe as próximas eleições no Brasil. “Para nós, brasileiros, é uma ocasião a mais de aperfeiçoar aquilo que tem que ser aperfeiçoado e submeter o nosso processo de apuração de votos e de organização das eleições ao escrutínio internacional”, afirmou.
PSDB dividido
Apesar do discurso do ministro em Washington, o PSDB ainda não sabe o que fazer em relação ao governo Temer – há quem defenda o desembarque, há quem pregue a permanência, há quem advoga a entrega de cargos sem deixar de dar apoio no Congresso e há até quem pense em uma saída negociada para a renúncia de Temer.
Além de Aloysio, o PSDB tem na gestão Temer outros três ministros – Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Bruno Araújo (Cidades).
Os diretórios estaduais do Rio e do Rio Grande do Sul já aprovaram o desembarque do governo. Outro foco de resistência a continuar no governo está em São Paulo. O presidente do diretório paulista, Pedro Tobias, aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), convocou uma reunião aberta a todos os filiados para segunda-feira, dia 5, para discutir a questão.
“Não pode mais reunião de cinco ou seis decidir para onde vai o partido”, disse o dirigente ao jornal Valor Econômico. Nos últimos dias, têm ocorrido encontros entre caciques do partido, como o próprio Alckmin, o senador Tasso Jereissatti (PSDB-CE) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para discutir o cenário político e o apoio a Temer.
(Com Agência Brasil)