Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

O PSL não descarta a volta de Bolsonaro, mas deve impor condições

O sigla manda o recado de que a contrapartida não será pequena

Por Daniel Pereira Atualizado em 4 jun 2024, 13h51 - Publicado em 14 Maio 2021, 06h00

Em 2018, Jair Bolsonaro fez o PSL, partido ao qual se filiou para disputar a Presidência da República, mudar de status, passando da condição de nanico para a de uma das maiores legendas do país. Embalada pela campanha vitoriosa do ex-capitão, a sigla — que elegeu um único deputado federal em 2014 — conquistou a segunda maior bancada da Câmara, com 52 integrantes, ficando atrás apenas do PT, com 56. Esse salto garantiu acesso privilegiado aos cofres públicos ao PSL, que passou a receber só de fundo partidário cerca de 200 milhões de reais por ano — 50 milhões de reais a mais do que o valor destinado ao poderoso MDB. A parceria com Bolsonaro parecia certeira para ambos os lados e tinha tudo para ser duradoura. Não foi. Em novembro de 2019, o presidente deixou o partido após uma disputa interna com Luciano Bivar, o comandante do PSL, e começou a trabalhar pela formação de uma nova legenda, a Aliança pelo Brasil, com a qual pretendia concorrer à reeleição. Como a nova agremiação ainda não saiu do papel, interlocutores de Bolsonaro procuraram os antigos aliados para sondá-los sobre a possibilidade de o mandatário voltar à velha casa. As conversas estão em curso, mas uma coisa é certa: a reconciliação não será fácil e, se ocorrer, será a um custo bastante alto.

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ)
ACENOS – Flávio: ele enxerga o PSL como a melhor alternativa para o pai – (Cristiano Mariz/VEJA)

Um dos principais entusiastas do retorno do presidente ao PSL é o senador Flávio Bolsonaro, hoje no Republicanos. Reconhecidamente o filho mais afeito à negociação política, o Zero Um alega que o pai precisará da estrutura de um partido de grande porte para aumentar as suas chances de vencer a corrida presidencial. Precisará de tempo de televisão e de recursos de fundos públicos comparáveis aos reservados ao PT do ex-presidente Lula, que desponta como o principal adversário de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. O PSL seria a melhor opção, por enquanto, para que fosse garantida uma igualdade de condições entre os dois favoritos, já que as outras legendas com as quais o presidente flerta são basicamente pequenas, como o PRTB, o Patriota e o Partido da Mulher Brasileira. Flávio costuma alegar que, ao contrário do que ocorreu em 2018 — quando Bolsonaro despontou como azarão e venceu sem estrutura partidária graças a uma conjuntura favorável —, em 2022 ele enfrentará um rival petista bem mais forte e terá de contar com uma estrutura de ponta para “defender e atacar”. Defender-se, por exemplo, da acusação de ser o principal responsável pelo descontrole da pandemia no Brasil. E atacar Lula com as acusações de corrupção que pesam contra o ex-presidente.

***ATENÇÃO - USO RESTRITO - PAGAMENTO POR REUTILIZAÇÃO***
RESISTÊNCIA - Luciano Bivar: disputa de poder e mágoas do passado – (Caio Guatelli/Folhapress/Folhapress)

Bolsonaro sabe que pode conseguir tempo de propaganda e recursos públicos mesmo se optar por uma legenda menor, desde que consiga atrair para a sua coligação partidos maiores, como a turma do Centrão, que hoje o apoia no Congresso. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), já disse que gostaria de tê-lo como correligionário. A dúvida é sobre o grau de sinceridade dessa cortesia. No caso das conversas com o PSL, os maiores obstáculos estão, por enquanto, do lado do partido. A saída de Bolsonaro não foi pacífica. Antes de formalizá-la, ele passou a disputar com Luciano Bivar o controle da máquina partidária. Numa conversa gravada, o presidente disse a um apoiador para “esquecer” o PSL e acrescentou que Bivar estaria “queimado”. Dias depois, bolsonaristas retiraram um antigo esqueleto do armário e acusaram Bivar de matar uma amante na década de 80 e de usar a sua influência política para impedir o avanço das investigações e escapar da acusação de homicídio.

Continua após a publicidade

Outros episódios dificultam um novo acerto entre as partes. O partido se sentiu preterido na formação do governo e disse que o presidente privilegiou outras legendas, como DEM e MDB, que não o apoiaram em 2018, na nomeação para cargos importantes. Pragmática, a cúpula do PSL também se apega a um cálculo político. Ela sabe que tem ativos poderosos — tempo de TV e recursos dos fundos públicos — e acredita que será cortejada por diferentes candidatos à Presidência. Por isso, pretende ouvir as propostas de aliança dos nomes da centro-direita ao Palácio do Planalto e sonha até com a possibilidade de conquistar um posto de vice numa chapa presidencial. Essa vaga de vice se tornará praticamente impossível se Bolsonaro estiver filiado ao partido. Hoje, o cenário é claro: o PSL quer ser a noiva cobiçada por PSDB, DEM e companhia. Quer se juntar a quem oferecer o maior dote. Uma aliança com Bolsonaro não está descartada, mas o PSL prefere que, se for sacramentada, seja com o presidente em outra agremiação, o que o obrigará a fazer concessões muito maiores do que as feitas na eleição passada. A conta de uma eventual reconciliação promete ser cara.

Publicado em VEJA de 19 de maio de 2021, edição nº 2738

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.