O que levou o Twitter a bloquear ‘por engano’ a conta de Eduardo Bolsonaro
Postagem sobre Venezuela e escândalos do PT culminou na suspensão temporária da conta do filho Zero Três do presidente da República. Plataforma alega erro
“Você pegaria seu dinheiro e investiria em ações já condenadas da Venezuela? Tenho certeza que não. Mas isso foi um dos crimes que o PT cometeu com o dinheiro público, destruindo a vida de milhares de brasileiros. Quer entender? Saiba mais nesse vídeo”, escreveu no último dia 5 o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em sua conta pessoal no Twitter. No vídeo, de um minuto e trinta e cinco segundos, o filho Zero Três do presidente da República reforça as críticas aos escândalos de corrupção que marcaram os governos da legenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Na CPI dos Fundos de Pensão, o rombo que se calculou foi 111 bilhões de reais. E aí depois você soma mensalão, mais petrolão, mais Castelo de Areia e outras operações da PF, mas eles são acostumados a fazer isso. Eles são acostumados a comprar papel podre da Venezuela. No Postalis, o rombo foi de 9 bilhões. Aí falam que o PT é socialista, tem pena de pobre. Não. Quanto mais pobre dependendo do Estado, melhor pra eles”, atacou o parlamentar. “Chega a ser vergonhoso você dizer que o Lula pode concorrer depois à Presidência da República. É bizarro. Você não tem muita dificuldade para escolher um candidato este ano.” A postagem, que antecipou o clima da campanha eleitoral de 2022, levou a plataforma a suspender temporariamente a conta do deputado. “Por engano”, segundo o próprio Twitter.
Após a postagem, Eduardo Bolsonaro foi notificado pelo Twitter que violou as regras da empresa e teria de aguardar um período de 12 horas para que pudesse voltar a usar a plataforma. “Eles não dizem nem qual post eu violei a tal política da comunidade. E lá vou eu mais uma vez tratar com advogados a questão”, escreveu o parlamentar. Procurado por VEJA, o Twitter esclareceu o episódio, atribuindo a medida a um “engano” e erro de “sistemas automatizados”. A conta do filho de Bolsonaro é seguida por 2,2 milhões de usuários.
“Esta publicação foi identificada erroneamente por nossos sistemas automatizados como estando em violação a nossas regras. Como acontece nesses casos, o usuário recebeu um e-mail pedindo que ele removesse o Tweet em violação para ter sua conta liberada para uso. Antes mesmo do cumprimento dessa etapa, o erro foi identificado e a conta foi restabelecida”, informou o Twitter à reportagem. Segundo o Twitter, a conta foi bloqueada por um “curto período” — a empresa, no entanto, não informou por quanto tempo a restrição foi imposta.
“Trabalhamos com uma combinação de tecnologia e análise humana para identificar violações a essas políticas e tomar as medidas cabíveis com base nessas regras. Temos uma equipe que trabalha ao redor do mundo, em idiomas incluindo o português, para essas análises e investimos de forma recorrente em nossos sistemas e em treinamentos de nossas equipes para aprimorar a detecção de potenciais violações e a tomada de medidas corretivas”, acrescentou o Twitter.
O episódio reacendeu a discussão envolvendo o bloqueio de perfis de políticos. O projeto do novo Código Eleitoral impede o banimento, o cancelamento, a exclusão ou a suspensão de conta de candidato a cargo eletivo durante a campanha. Conteúdos e postagens controversos, com fake news e ataques a instituições, até podem ser removidos, mas as contas desses políticos não poderiam mais ser tiradas do ar. O texto já foi aprovado na Câmara, mas precisa do aval de senadores para entrar em vigor.