Um dia após convocar uma reunião com os três comandantes das Forças Armadas para discutir o suposto “boicote” à sua propaganda de rádio, o presidente Jair Bolsonaro (PL), curiosamente, evitou o assunto nesta quinta-feira, 27, diante de apoiadores no Rio de Janeiro. Durante todo o tempo em que percorreu Belford Roxo e São João de Meriti, na Baixada Fluminense, e Campo Grande, na Zona Oeste fluminense, Bolsonaro não tocou uma única vez na suposta fraude e na polêmica junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O silêncio absoluto do presidente sobre o assunto enquanto se dirigia aos correligionários no último dia de campanha, previsto pela lei eleitoral, chamou a atenção justamente por ele, na noite anterior, ter dito que iria até as “últimas consequências” ao anunciar que recorreria da decisão do presidente do TSE. O ministro Alexandre de Moraes arquivou a ação em que o PL alega que houve supressão de inserções de rádio no Norte e no Nordeste. O ministro ainda apontou um possível “cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”.
Com a polêmica de lado, Bolsonaro aproveitou a visita ao Rio, terceiro maior colégio eleitoral do país, para atacar seu oponente, o ex-presidente Lula. Acompanhado do governador Cláudio Castro (PL-RJ), do filho e senador Flávio Bolsonaro (PL) e de lideranças locais, concentrou seu discurso em críticas a Lula, explorando os escândalos de corrupção envolvendo o PT. “A diferença entre eu e o Lula ‘ladrão’ é que ele é corrupto. Os ministros desse vagabundo mentiroso todos foram para a cadeia”, bradou em um dos momentos que falou para os apoiadores.
Embora os institutos de pesquisas apontem o contrário, Bolsonaro procurou mostrar durante o último dia de campanha que o segundo turno está favorável à sua reeleição. Ainda assim fez questão de aproveitar os comícios para ressaltar a importância de seus apoiadores cooptarem votos para a campanha. “O jogo já virou, já estamos ganhando, a questão agora é que nós queremos consolidar esse resultado”, disse o chefe do legislativo. Defendendo as bandeiras que sempre levantou, desde as eleições presidenciais de 2018, como a pauta do aborto, dos evangélicos e da corrupção, o mandatário foi breve no discurso.
Pontos estratégicos para as campanhas dos dois candidatos ao Palácio do Planalto, a Baixada Fluminense e a Zona Oeste, regiões da periferia do Rio de Janeiro, receberam seis visitas dos presidenciáveis durante as últimas semanas de campanha. Em todos os lugares em que os dois passaram, Bolsonaro despontou à frente de Lula no primeiro turno. De acordo com dados do TSE, a diferença entre os dois candidatos na Região Metropolitana do Rio no primeiro turno foi de cerca de 1 milhão de votos. Bolsonaro recebeu 4,8 milhões de votos, o equivalente a 51,09% do total. Lula registrou 3,8 milhões, ou 40,68%.
Na última quarta-feira, 26, Jair Bolsonaro esteve em Minas Gerais para atos eleitorais em diversos pontos da região. Após os comícios no Rio, o mandatário permanecerá na cidade para o debate presidencial que acontece nesta sexta-feira, 28, nos estúdios da TV Globo.