O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil pediu ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informações sobre eventuais investigações, pela Polícia Federal, das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil — que divulgou diálogos que colocam em xeque a atuação do hoje ministro Sergio Moro enquanto ele era o juiz responsável pelos processos da Operação Lava Jato.
Em ofício endereçado ao órgão, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, pede esclarecimentos a respeito da informação de que a PF solicitou o relatório de atividades financeiras do jornalista. No documento, a entidade que representa os advogados manifesta sua preocupação sobre o risco de violação dos direitos à liberdade de expressão e à liberdade de imprensa.
A suspeita de que Greenwald é investigado pelo Coaf chegou a ser tratada na sabatina na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, na última terça, em que Moro compareceu para dar a sua versão para os diálogos. Indagado por deputados oposicionistas, o ministro limitou-se a dizer que não interfere em investigações e que não caberia a ele responder. “A Polícia Federal e os órgãos perante os quais ela vai apresentar os seus requerimentos têm absoluta autonomia.”A PF está subordinada ao ministério chefiado por Moro.
Novos diálogos publicados por VEJA em parceria com o Intercept nesta sexta-feira, 5, mostram que Moro orientava ilegalmente ações da Lava Jato. A reportagem realizou o mais completo mergulho já feito nesse conteúdo. Foram analisadas 649.551 mensagens. Palavra por palavra, as comunicações examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda mais grave. Clique para ler a reportagem completa.
Em ofício encaminhado à PF, o deputado José Medeiros (Podemos-MT) solicitou uma investigação sobre a divulgação das mensagens que comprometem Moro e sua suposta ligação com a desistência do mandato por Jean Wyllys (PSOL-RJ), cuja vaga foi assumida por David Miranda (PSOL-RJ), companheiro de Glenn Greenwald. Oficialmente, a PF nega ter instaurado qualquer investigação.
“Por força do artigo 8º da Resolução nº 23.396/2013, a Polícia Federal somente pode instaurar inquérito eleitoral após requisição da Justiça Eleitoral ou do Ministério Público Eleitoral ou em casos de flagrante delito. Até o momento, a PF não recebeu nenhuma requisição sobre o tema”, disse o órgão, em nota.