Na semana passada, ao ser questionado em uma plateia de maçons em Brasília sobre uma eventual “intervenção constitucional com emprego das Forças Armadas”, o general Antonio Hamilton Mourão admitiu abertamente a possibilidade de um golpe militar no país. “É óbvio, né, que, quando nós olhamos com temor e com tristeza os fatos que estão nos cercando, a gente diz: ‘Pô, por que não vamos derrubar esse troço todo?’ Na minha visão, a minha visão, que coincide com a dos meus companheiros do Alto-Comando do Exército, nós estamos numa situação daquilo que poderíamos lembrar lá da tábua de logaritmos, ‘aproximações sucessivas’. Até chegar o momento em que ou as instituições solucionam o problema político pela ação do Judiciário, retirando da vida pública esses elementos envolvidos em todos os ilícitos, ou então nós teremos de impor isso”, disse o general. E detalhou o que significaria “impor isso”: “Nós temos planejamentos, muito benfeitos. Então, no presente momento, o que que nós vislumbramos… os Poderes terão de buscar a solução. Se não conseguirem, né, chegará a hora que nós teremos de impor uma solução. E essa imposição não será fácil, ela trará problemas, podem ter certeza disso aí”.
Contrariar superiores em público configura grave transgressão às normas militares. É desnecessário dizer o que representa expressar o desejo de “impor uma solução” ao país. O general Mourão sabe disso e seus comandantes também. Esperava-se, portanto, que ele fosse justa e prontamente punido. O que se seguiu, porém, foi uma sucessão de trapalhadas e malsucedidas tentativas de pôr panos quentes no episódio.
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