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‘Operador de Bendine’ também distribuía propinas da JBS

André Gustavo Vieira da Silva foi citado pelo delator Ricardo Saud como intermediário de dinheiro a senadores de PMDB, PSB e ao governador de Pernambuco

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 18h17 - Publicado em 27 jul 2017, 22h03

O publicitário André Gustavo Vieira da Silva, preso nesta quinta-feira na Operação Cobra, 42ª fase da Lava Jato, é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como um dos intermediários da suposta propina de 3 milhões de reais da Odebrecht ao ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine. As relações do empresário com o poder, contudo, são mais amplas. As investigações do MPF sobre Vieira da Silva e as delações premiadas de executivos do Grupo J&F indicam que, além de “operador” de Bendine, o empresário distribuía dinheiro das empresas dos irmãos Joesley e Wesley Batista a políticos.

Segundo o diretor de relações institucionais da JBS, Ricardo Saud, Vieira da Silva entregou cerca de 7 milhões de reais a senadores do PMDB. O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), teria recebido 318.000 reais em dinheiro vivo pelas mãos do publicitário, enquanto seu antecessor na chefia da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), teria sido o destinatário de 3,8 milhões de reais em espécie, repassados por André Vieira da Silva a Durval Rodrigues, suposto emissário de Renan.

O publicitário também teria entregue 980.602 reais a Jader Barbalho (PMDB-PA), 1 milhão de reais a Eduardo Braga (PMDB-AM) e 1 milhão de reais ao ex-senador e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo, sempre em dinheiro vivo.

Os pagamentos aos peemedebistas, conforme Saud, foram feitos a pedido do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, interlocutor do PT junto à JBS, para “assegurar a unidade do PMDB, que apresentava, ao tempo, risco real de fratura, com a perspectiva de parte do partido passar a apoiar formalmente Aécio Neves”.

Ao avançar sobre duas das empresas de André Gustavo Vieira da Silva, a MP Marketing, Planejamento Institucional e Sistema de Informação Ltda e a Arcos Propaganda Ltda., a Lava Jato também encontrou dois contratos milionários com empresas do Grupo J&F.

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A MP Marketing foi contratada por 2,17 milhões de reais pela J&F Investimentos S.A em novembro de 2015 para elaborar um “diagnóstico sócio-econômico e político na Venezuela”. Os investigadores apontam “fortes evidências” de que a empresa seja de fachada. Uma delas se deve ao fato de que, apesar do faturamento milionário e das atividades que alega exercer, a firma não tinha, entre 2006 e 2016, nenhum funcionário registrado na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho.

“A empresa MP Marketing de André Gustavo claramente não tem atividade e foi criada apenas para emissão de notas relacionadas a contratos fictícios de recursos de origem criminosa”, afirmam os procuradores sobre a firma, usada por André Gustavo para justificar os 3 milhões de reais supostamente pagos pela empreiteira a Bendine. O publicitário declarou à Receita Federal que recebeu o dinheiro a partir de uma consultoria prestada pela MP Marketing à Odebrecht Ambiental.

Já a Arcos Propaganda recebeu 1 milhão de reais da JBS em um contrato firmado em novembro de 2014. Segundo Ricardo Saud, a nota emitida pela Arcos era fria, ou seja, não houve prestação de serviço, e o dinheiro foi destinado ao senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), que “apresentou” a firma a Saud. Bezerra Coelho também teria recebido, de acordo com o executivo da JBS, outros 2 milhões de reais em dinheiro vivo das mãos de André Gustavo Vieira da Silva.

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Além do senador, outro pessebista pernambucano citado na delação de Ricardo Saud como destinatário de propina repassada pelo publicitário é o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PMDB). De acordo com o delator, Câmara recebeu 1 milhão de reais em espécie, abatidos de um saldo de 15 milhões de reais em propina devida ao ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em um acidente aéreo durante a campanha presidencial de 2014.

O atual ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), também teria sido beneficiado com valores entregues por Vieira da Silva. Conforme a delação de Saud, o tucano recebeu 200.000 reais em dinheiro das mãos do empresário em 2014, quando foi eleito deputado federal.

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