Os dois recados da população do Rio na nova pesquisa sobre operação contra o CV
Levantamento mostra que, apesar de apoiar ações duras contra o crime, maioria quer solução institucional e critica a política armamentista
A mais recente pesquisa da Genial/Quaest, divulgada nesta segunda-feira (3), revela o profundo impacto político e social da megaoperação policial no Rio de Janeiro e indica que a segurança pública se consolidou como a principal pauta entre os fluminenses. Segundo o levantamento, 72% dos moradores do estado defendem que facções criminosas sejam enquadradas como organizações terroristas — um índice que reflete o clamor por medidas mais severas contra o crime organizado.
O estudo, conduzido sob a direção do cientista político Felipe Nunes, ouviu eleitores do estado poucos dias após a operação que deixou mais de cem mortos nas comunidades da Penha e do Alemão. Os dados mostram que, embora a maioria aprove a ação, persiste uma percepção de que o problema da violência está longe de ser resolvido.
“A população aprovou e achou que a operação foi um sucesso. Mas, ao mesmo tempo, reconhece que nada disso resolve o problema da insegurança”, disse Nunes em entrevista ao programa Ponto de Vista, apresentado por Marcela Rahal.
Apoio à operação e ganho político para Cláudio Castro
A operação — marcada por confrontos intensos e críticas de organismos de direitos humanos — teve ampla aprovação popular. Segundo a Quaest, mais de 60% dos fluminenses consideram que a ação foi necessária, e o governador Cláudio Castro (PL) colheu dividendos políticos diretos: sua aprovação subiu 10 pontos percentuais entre agosto e outubro.
“Foi uma medida importante que teve efeitos políticos claros. Mas as pessoas ainda dizem: ‘Ainda não resolveu o problema inteiro’”, explicou o cientista político.
Endurecimento da lei, mas sem armar o cidadão
Além de apoiar o enquadramento das facções como terroristas, os entrevistados defendem punições mais duras para crimes ligados ao crime organizado. Oito em cada dez fluminenses (80%) são favoráveis a aumentar as penas para homicídios cometidos a mando de facções.
Mas o mesmo levantamento mostra rejeição à política de armas: 72% dos entrevistados se opõem à ideia de facilitar o acesso e a posse de armas de fogo pela população civil — um sinal de que o eleitorado apoia medidas institucionais e estatais, e não soluções individuais para o problema da segurança.
“Os cariocas têm muita clareza sobre o que desejam: mais rigor do Estado com o crime organizado, mas sem transformar o cidadão comum em vigilante armado”, observou Nunes.
O desafio político: segurança no centro da agenda
Os resultados da pesquisa confirmam uma tendência que vem se repetindo em levantamentos nacionais: a segurança pública voltou ao centro do debate político e se tornou a principal preocupação para um número crescente de eleitores — ultrapassando inclusive temas econômicos, segundo sondagens anteriores da própria Quaest.
Com isso, governadores da direita, como Cláudio Castro (PL-RJ) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), buscam capitalizar o tema, enquanto o governo Lula tenta recuperar o protagonismo com propostas como a PEC da Segurança Pública e o escritório emergencial de enfrentamento ao crime organizado, lançado em parceria com o Rio.
“Agora o desafio é ver como o Congresso reage. O que a população está dizendo é: ‘Queremos ação e resultados, mas dentro da lei’”, concluiu Felipe Nunes.
Em resumo: a pesquisa da Quaest mostra um eleitorado que clama por firmeza, mas que rejeita soluções simplistas ou populistas. Para os políticos, a mensagem é clara — o discurso da bala pode render aplausos momentâneos, mas a confiança do eleitor só virá com resultados concretos na segurança pública.
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