Titular da pasta da Saúde, Luiz Henrique Mandetta é um dos ministros mais bem avaliados pelos parlamentares no governo Bolsonaro. Essa conclusão é de uma pesquisa da consultoria Arko Advice feita com 96 congressistas de vinte partidos entre 10 e 17 de dezembro último. O trabalho avaliou o desempenho de onze dos 22 ministros. Mandetta era um deputado do baixo clero do DEM-MS antes de assumir a pasta, que terá orçamento de 125,6 bilhões de reais em 2020. Sua nota foi 3,6, sendo que 5 era a avaliação máxima. “O Mandetta tem boa interlocução com o Congresso, uma base de apoio ligada à área da saúde e chefia um ministério muito importante em termos de demandas políticas”, afirma Murillo de Aragão, colunista de VEJA e responsável pela pesquisa.
A mesma nota de 3,6 foi concedida pelos parlamentares ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e à ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Freitas não se envolveu em conflitos e representou para os políticos a face “modernizadora” do governo, devido aos resultados que entregou, como o recorde de 27 leilões de concessões realizados em 2019 (leia a Entrevista, na pág. 11). Já Tereza Cristina tem prestígio com a bancada do agronegócio por ter defendido o setor ante os rompantes de Bolsonaro e de Ricardo Salles, titular do Ministério do Meio Ambiente, durante as crises ambientais. Salles, aliás, foi o terceiro ministro mais mal avaliado, com 2,6. É a mesma nota de Bento Albuquerque, o chefe de Minas e Energia, que tem relação conflituosa com o Congresso. O pior resultado é do chanceler Ernesto Araújo, com 2,3.
Outros ministros que não se saíram bem com os congressistas foram os responsáveis por liderar a articulação política do governo no ano passado. O fato não chega a ser surpreendente, considerando-se a difícil relação de Bolsonaro com os políticos. Onyx Lorenzoni, da Casa Civil, ficou com nota 2,6, e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, obteve 2,7. Chama atenção também no levantamento da Arko o resultado discreto dos ministros mais populares de Bolsonaro. Sergio Moro, da Justiça, teve nota 3,3, e Paulo Guedes, da Economia, recebeu 3,2. “Moro demorou a desenvolver uma relação com os parlamentares. Em relação a Guedes, seria preocupante se o ministro da Economia fosse muito bem avaliado, porque isso indicaria um relacionamento promíscuo com o Congresso. Ele é um ministro que diz ‘não’ e que apresenta uma pauta difícil, de cortes orçamentários”, entende Aragão. Segundo ele, os resultados da pesquisa podem ser comemorados por Bolsonaro. “Mostram que há ministros que não praticam toma lá dá cá e são bem avaliados pelo trabalho”, diz Aragão.
Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669