Só bagunça. É assim que o ministro Alexandre de Moraes tem projetado a auxiliares o que espera das manifestações pelo feriado do Dia da Independência. Tratado como algoz de Jair Bolsonaro por conduzir investigações que miram o ex-capitão e seus apoiadores – na mais recente decisão o magistrado bloqueou contas bancárias e em redes sociais de oito empresários bolsonaristas que elocubravam sobre um golpe militar em um grupo privado de WhatsApp – Moraes é o mais bem informado dos 11 magistrados sobre os preparativos de apoiadores do presidente para o Sete de Setembro e tem recebido informes de polícias sobre possíveis articulações violentas.
Por ora, a preocupação do STF está mais relacionada a discursos grosseiros do que propriamente a um risco real de confronto. Como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que nos últimos meses virou alvo preferencial do mandatário em sua cruzada contra as urnas eletrônicas, Alexandre de Moraes tem mantido interlocução frequente com as polícias militares e com setores de inteligência para monitorar eventuais situações mais extremadas.
No Supremo também há uma espécie de plano de segurança para evacuar ministros, se necessário, e impedir que, como ocorreu no ano passado, caminhoneiros fiquem às margens do prédio do tribunal ameaçando tomar de assalto a sede da mais alta corte do país. A ordem do presidente do Supremo, ministro Luiz Fux, é que seja intensificado o trabalho da Polícia Militar do Distrito Federal, que foi orientada a montar bloqueios mais eficientes e não permitir em hipótese alguma a aproximação de veículos e manifestantes mais exaltados, mesmo que por meio de via vicinais, como ocorreu em 2021. Ao contrário do ano passado, o STF não instruiu até o momento ministros a permanecerem longe de Brasília, mas há orientações para que nem magistrados nem servidores trabalhem dentro do prédio da corte nos dias 6 e 7.
Embora bolsonaristas tratem o Sete de Setembro como preparação para eventuais manifestações mais ostensivas contra as instituições durante o período eleitoral, Fux, por exemplo, está convencido de que este ano as instituições que possivelmente serão alvo de discursos inflamados de apoiadores de Bolsonaro estão mais preparadas. Ex-diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, atual assessor especial de presidente do Supremo, será o responsável por municiar os magistrados sobre o andamento dos protestos.