Após VEJA revelar em março um esquema de arrecadação de propinas no Ministério do Trabalho, a Polícia Federal deflagrou na última terça-feira, 30, a Operação Registro Espúrio. A ação desmantelou uma rede de corrupção e fraudes em processos de registros sindicais. A farra veio à tona com a denúncia feita pelo gaúcho Afonso Rodrigues de Carvalho, dono de uma pequena transportadora e presidente do Sintrave, sindicato das micro-empresas de transporte rodoviário de veículos novos de Goiás. O empresário tentava há mais de cinco anos, sem sucesso, obter um registro no Ministério do Trabalho para oficializar a sua entidade. Como o processo não andava, a solução surgiu numa reunião com os lobistas Silvio Assis e Verusca Peixoto, que prometeram resolver o imbróglio com algumas “conexões políticas”. Papo vai, papo vem, eis que surge o seguinte diálogo:
Lobista: (…) A gente vai ter até que envolver o deputado Jovair…
Empresário: Não é o Jovair Arantes?
Lobista 2: É… O Jovair está junto com a gente, porque ele tem força e por ser do meu estado de Goiás. Eles tinham feito um cálculo. Eles tinham pedido 500 000 para pagar a parte técnica, para pagar as pessoas envolvidas lá e uma ponta para o Jovair. E 2,5 (milhões de reais) quando sair…
Empresário: No êxito?
Lobista: Isso.
O áudio acima faz parte de um vasto material, composto por vídeos, cheques, escutas ambientais e interceptações telefônicas, utilizado pela Polícia Federal para solicitar as prisões dos deputados Jovair Arantes (PTB-GO) e Paulinho da Força (Solidariedade-SD), além do presidente do PTB Roberto Jefferson, pivô do escândalo do mensalão. O pedido, porém, foi indeferido pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. O magistrado autorizou a prisão de 23 suspeitos. Dentre eles, estão os lobistas Silvio Assis e Verusca Peixoto.
Além deles, também foram presos Rogério e Leonardo Arantes, sobrinhos do líder do PTB na Câmara. Conforme VEJA revelou, a Polícia Federal gravou um encontro entre Verusca Peixoto, Rogério, diretor do Incra indicado pelo PTB, e Afonso Rodrigues num hotel em Brasília no ano passado. Nessa reunião, o sobrinho de Jovair prometeu resolver o problema do registro sindical do empresário. Rogério confirmou a VEJA que acionou o seu primo Leonardo Arantes, atual número dois do Ministério do Trabalho, mas o negócio acabou não seguindo adiante. Afonso Rodrigues diz que as negociações emperraram porque não tinha 4 milhões de reais em sua conta bancária. Todos os envolvidos negam ter praticado qualquer irregularidade.