Pacificação de Lula com militares passa até por adaptação da farda dos comandantes
A ordem agora é que se opte por um traje mais descontraído mesmo em eventos nos quais os civis compareçam de terno e gravata

A vestimenta dos comandantes das Forças Armadas durante o ato que marcou os dois anos do 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e destruídas, passou por uma adaptação em relação a eventos oficiais anteriores.
Por determinação do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, os chefes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica trocaram o traje normalmente usado nas cerimônias, uma farda de manga longa, acompanhada de gravata e carregada de insígnias, pela versão de manga curta, tecido mais fino e sem a gravata.
A medida foi pensada como mais uma solução para amenizar a imagem dos militares em meio às investigações sobre a tentativa de golpe durante após as eleições de 2022. Agora, brincou um membro da alta cúpula, a ordem é para todos andarem mais “esportivos”. O objetivo, acrescentou, é evitar que o uniforme “espante” os civis.
A mudança, por mais simples que pareça, não pode se dar de qualquer maneira. Representantes das três forças têm de cumprir padrões de uniforme para cada tipo de evento – essas regras são determinadas em regulamentos e têm de ser seguidas à risca.

Apesar de aparentar maior informalidade, o uniforme de manga curta também é previsto em cerimônias que exigem o traje passeio completo, como é o caso dos eventos no Palácio do Planalto ou no Congresso Nacional. Apesar disso, é costume que cerimônias nas quais os demais convidados costumam comparecer de terno e gravata os militares usem o traje correspondente deles.
A mudança é mais um retrato da fragilidade na relação entre o governo e os militares, marcada por uma desconfiança mútua desde o início do terceiro mandato do presidente Lula. Atualmente, governistas e oficiais garantem que a situação já está normalizada, o que não significa que esteja plenamente consolidada.
Um vídeo divulgado pela Marinha no ano passado, no qual foram atacados os supostos privilégios da força em relação aos civis, foi visto como uma insubordinação do atual comandante em relação ao governo – um dia antes da divulgação, Lula e os chefes das forças haviam se reunido para discutir a flexibilização das regras para um novo sistema de aposentadoria dos militares. Depois da publicação do vídeo, o governo fechou as portas para qualquer negociação.