Pré-candidato de esquerda em melhor posição nas pesquisas de intenção de votos na ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da disputa presidencial, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) ainda não convenceu a maior parte dos partidos do bloco a compor uma aliança em torno do seu nome já no primeiro turno. As principais resistências estão no PT, PSB e PSOL, que alegam a necessidade de eleger governadores e uma bancada federal forte.
O maior entrave no PSB está na família do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto na campanha presidencial de 2014. Um ano antes, Ciro fez duras críticas quando Campos começou a se descolar do governo de Dilma Rousseff. O ex-ministro e seu irmão Cid Gomes deixaram a legenda e o episódio ainda não foi superado por uma ala do partido.
“Ninguém tem resistência ao Ciro, o que precisamos é examinar com clareza se teremos candidatura própria”, disse o presidente da legenda, Carlos Siqueira.
Ciro é visto com desconfiança no PSOL por ter passado por vários partidos e por ter, na avaliação de membros da legenda, “uma trajetória errática de oligarquias nordestinas”. Lideranças do partido ponderam, entretanto, que ele conseguiu se manter distante da Operação Lava Jato e se preserva como opção do campo progressista. “Ciro tem chances de fazer pontes com os partidos de oposição”, afirmou o líder da bancada, deputado Ivan Valente (SP). O partido já formalizou a candidatura de Guilherme Boulos, líder dos sem-teto, e destaca que não há discussão de palanque com Ciro no primeiro turno.
Só parte do PCdoB admite abrir mão da candidatura de Manuela D’Ávila na primeira etapa das eleições, desde seja para garantir um nome da esquerda no segundo turno. “Ciro é sim uma grande possibilidade, tanto no primeiro quanto no segundo turno”, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino. Uma ala, entretanto, avalia que a candidatura de Manuela é “um dos grandes acertos” do partido por reforçar que não existe mais o alinhamento automático com o PT.